quinta-feira, 2 de julho de 2009

Novo Blog

Visite meu novo blog. Em breve, este será substituído pelo novo.
www.prwagner.wordpress.com

Novo visual, e novos recursos.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Que salmo comporia?

150 salmos. Salmos de louvor, de lamentação, e de gratidão. Cartas. Composições do homem, como resposta à ação de Deus em sua vida. Letras que formam palavras, que estruturam frases e orações, que ganham sentido; retratando a realidade, a experiência, a vida de seu autor. Os salmos retratam a vida humana e suas alegrias, tristezas e crises existênciais.

Pois bem, se você tivesse a oportunidade de escrever um salmo, o que pularia de sua mente, ganharia permissão de sua alma, e seria revelado por suas mãos?

Sim! Você, autor de uma carta para o Senhor; que, em tom de prosa, ou deliciosamente passeando entre notas musicais, descreveria seu atual momento; ou, alguma experiência vivida e aprendida. Como classificaríamos seu salmo? Louvor - vibrante, repleto de sorriso, com cântico de vitória, tudo dando certo, tudo ok? Lamento - sereno, quase que silencioso, com choro, dor, tudo estranho, tudo incerto? Gratidão - dinâmico, grato, olhando para a experiência passada e diante do agir do Senhor enxergando o futuro com esperança, com força, com convicção?

Que salmo você comporia?

Tente. Você pode se surpreender e ainda surpreender a outros com uma composição rica de expressão, de vida. Mas, lembre-se de que não importa o tipo de salmo, se fala de vida, se fala de morte, se fala de completa ignorância no conhecimento humano, há lugar para Deus! Espaço todo especial para o Soberano, que pacientemente confirma Sua composição, através da história de sua vida. Seja qual for o salmo, a mensagem é a mesma: Deus tudo vê, tudo escuta, tudo sabe, tudo coordena, e de modo especial para aqueles que são alvos de sua misericórdia, para aqueles a quem ele se inclina para ver o que se passa.

Que salmo você comporia? Tente! Isto ajudará você a grudar seus olhos no Autor da vida.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A intrigante presença do Senhor

Leia Marcos 4.35-41.


O que esperamos depois de um dia inteiro de trabalho? Ao findar o dia, e o cansaço bater, o que mais almejamos? Exatamente o que Cristo queria! Descansar (v.35). Mas, em meio ao descanso, temos uma das experiências mais incríveis dos discípulos com Jesus Cristo. E, através desta experiência vemos o que acontece com grande número dos que buscam seguir a Cristo. Consideremos o texto, aprendendo seis lições para o nosso viver.


1ª lição: Jesus nos ensinou mais através da simplicidade do que da grandeza.


Água em vinho, curas, multiplicação de pães e peixes, ressuscitar mortos, controle sobre a tempestade, tantos sinais, tantos milagres, grandeza suficiente para provar sua divindade, seu poder. Sem falar em sua popularidade, quando no auge de seus sermões e ensinamentos. Mas, incrivelmente (creio que propositadamente), olhando para nosso viver, aprendemos muito mais com o seu chorar, revelando seus sentimentos; com o seu sofrimento como no Getsêmani; com a sua fome, a sua sede, o seu cansaço, a sua irritação quando não achou figos na figueira; sua morte; tudo o que mais nos aproxima dele. Percebemos que ele é mais parecido conosco do que imaginamos, e por isso devemos considerar suas ações e reações, vendo-o como nosso modelo. E, talvez, a principal questão seja: Se Cristo em toda sua grandeza nos ensinou mais através da simplicidade, por que insistimos na grandeza ao invés da simplicidade?


2ª lição: A presença de Jesus não garante ausência de problemas (vv. 37-38a).


Ao contrário do que afirmam alguns, a simples presença de Cristo, ou a menção de seu nome, normalmente traz dificuldades. Jesus estava com os seus “preferidos”, seus “escolhidos”; e mesmo assim, estes enfrentaram uma angustiante situação.


3ª lição: Por vezes, temos a impressão de que Deus não faz nada (v. 38).


A expressão dos discípulos nos três textos é a mesma: “O Senhor não vai fazer nada?”. “O Senhor não se importa conosco?”.“Vai ficar aí dormindo?”. Há sempre uma razão do Senhor, um alvo a ser alcançado, quando Ele fica em silêncio, sossegado, espiando, enquanto nos debatemos, buscando a solução. Como o exemplo dos discípulos que mesmo com seus esforços sucumbiriam.


4ª lição: Apesar de muitos andarem com Jesus, não o conhecem como deveriam (vv. 39-41).


“grande temor” - a idéia do texto é que o medo deles foi aumentado. É estranho, pois eles queriam que Cristo fizesse algo, e quando ele o fez, ficaram ainda mais atemorizados. E a pergunta que fecha o texto demonstra claramente a surpresa deles: “Quem é este?”. Eles já sabiam que ele era o Filho de Deus, já sabiam de seu ministério, já haviam presenciado outros milagres, mas ainda assim se surpreenderam com o agir do Senhor.


5ª lição: A razão de sermos surpreendidos está na timidez espiritual (v. 40).


Timidez no conhecimento de Deus. O que impede de enxergar a Sua real grandeza, e como Ele não se limita ao nosso diálogo. Timidez na expectativa. Esperamos pouco, nos contentamos com o medíocre, nos assemelhamos aos que não tem esperança. Timidez na visão. Uma visão pequena de mundo, uma visão pequena de igreja, de comunidade. Só enxergamos a nossa casa. Só enxergamos o nosso ministério. Só enxergamos as nossas atividades. Não olhamos para o todo, para o mundo, para o reino, para a igreja universal. Resultado: Timidez na fé. Cremos pouco no Senhor. O encaramos como sendo nós, no sentido negativo, pois no positivo (como modelo) temos dificuldade.


6ª lição: Em meio a tudo fica a convicção de que é através de Sua ação que vem a bonança (v. 39).


Foi fornecido, certa vez, um prêmio à pessoa que pintasse o melhor quadro representativo da paz. Dois quadros se destacaram dos demais. Um tratava de uma paisagem de verão. Um regato que corria tranqüilamente através de verdejante prado. Nem a mais leve viração agitava as árvores. O céu estava claro. Uma borboleta colorida voava de flor em flor. Pássaros pousavam nos galhos. Isso era paz.


Mas o prêmio foi conferido ao artista que pintou em sua tela um agitado oceano fustigante. Relâmpagos cruzavam o espaço. Mas ao lado do rochedo, protegido por pequena escarpa, podia-se ver uma gaivota branca em seu ninho. As ondas furiosas arremetiam contra o retiro, mas ela não sentia temor algum. A ave contemplava tranqüilamente tudo, sabendo que estava segura em seu refúgio.


O abrigo do crente é Cristo. Em Cristo, ele contempla tudo sem temor. Está em paz, mesmo em meio à grande tempestade. Pode ser que leve algum tempo, afinal Deus usa o tempo para nos ensinar sobre a vida, sobre o homem, sobre Ele mesmo. Não importa o problema, o tamanho, o tempo envolvido, depois do agir do Senhor vem a bonança; por isso vale a pena esperar por Ele, aguardando sua ação.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Guias (2)

(...continuação)

2. A submissão resultado em benefícios (17).

“Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.”(Hebreus 13.17)

Obedecer aos guias (agora do presente). “Obedecer” e “submeter” são atitudes complementares. A submissão resulta em benefícios tanto aos guias quanto aos submissos.

Aos submissos, porque “eles, os guias, velam por sua vida”. O verbo sugere vigilância. O substantivo se refere literalmente a “noites insones”, como Paulo descreve em sua segunda carta aos coríntios 11.27: “em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes”; mostrando seu labutar no ministério.

Este velar, este cuidar, é ainda mais benéfico aos submissos, porque os guias o fazem “como quem deve prestar contas”. O que implica em cuidado, em responsabilidade, e isto com alegria.

Mas, também, a submissão é benéfica aos guias, pois facilitam sua missão; permitindo com que ministrem com alegria, e “não gemendo”. A submissão evita o desgaste, as controvérsias, a necessidade de lutar para fazer com amor àqueles que por sua conduta não merecem amor.

Dificultar o ministério de nossos guias “não é proveitoso”, não é benéfico àqueles que dependem dos guias. Não propicia um retorno de alegria, ânimo e satisfação; mas sim de obrigação, persistência e responsabilidade.

Conclusão:

Ao pregar no seminário em que me formei, uns 10 anos depois que me formei, revelei minha dificuldade em ver e em identificar meus professores como colegas de ministério. Pois ainda os via (e ainda os vejo) como mestres; guias que merecem todo o respeito. Muito mais pelo conjunto de sua vida do que pelo seu nível acadêmico.

Submissão tanto aos que partiram quanto aos que estão exercendo a função de guias, de responsáveis por nossas vidas. Isto facilita a vivência de uma vida correta no Senhor, pois nos atentaremos para a fidelidade ao Senhor por intermédio de sua Palavra; à confiança, ao exercício da fé; e à coerência de uma vida em que as atitudes comprovam aquilo que falamos.

E, além disso, facilita o viver cristão porque estaremos sob o cuidado daqueles que velam por nós, com alegria, como quem tem de prestar contas ao Senhor.

Revele o amor que possui pelo Senhor, amando seus guias espirituais.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Guias

“Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram. [...] Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.”(Hebreus 13.7, 17)


O autor aos Hebreus está terminando sua carta com vários blocos exortativos. Desde o capítulo dez, ele conduz seus leitores ao cuidado em seu viver; e a necessidade de seguirem o exemplo daqueles que foram bem sucedidos espiritualmente.


Há um apelo à consideração ao passado, buscando aplicá-lo ao presente. É em meio a este raciocínio que o autor relaciona os “exemplos de fé”, no capítulo onze. E, então, no capítulo doze, amarra a existência e a possibilidade de sucesso espiritual à pessoa de Cristo. Para, então, exortá-los à prática da vida cristã saudável.


No texto acima, o autor, seguindo a linha de raciocínio do final de sua carta, mostra que uma forma de se cuidarem, vivendo o esperado, é o de serem submissos aos seus guias. O texto revela dois raciocínios principais: O primeiro é que a submissão está condicionada a algumas características que revelam autoridade. O segundo é o resultado benéfico da submissão aos que têm autoridade.


Consideraremos estes raciocínios. E o faremos em dois momentos. Assim, vamos ao primeiro:


1. A submissão está condicionada a características autenticadoras (7).


Primeiramente ele chama a atenção para os guias do passado. Os atuais são mencionados nos vv. 17 e 24. “Lembrai-vos”. A idéia é a de respeitar aqueles que já se foram, mas cuja lembrança ainda é viva. “Lembrai-vos” é significante porque ressalta a continuidade da influência do ministério daqueles guias sobre nossa vida.


Esta lembrança de um ministério influente se dá por algumas características: A primeira é a de pregar a palavra de Deus. A exortação é iniciada destacando o cuidado de nos vincularmos àqueles que honram ao Senhor, através da consideração às Escrituras. Submeter-nos aqueles que se submeteram a Deus, através de sua palavra, pregando-a. O pronome “os quais” destaca que esta era sua característica principal: falar a mensagem. E o fizeram! Pois, o verbo aponta com clareza para uma ação completa no passado.


A segunda característica é a fé digna de ser imitada. Fé que só é possível vislumbrar através da vida: no assumir o ministério; no cumprir das responsabilidades; nas reações às dificuldades; na moderação às bênçãos; na perseverança em acreditar no Senhor, vivendo sob sua dependência. Examinai sua vida e imitai a fé que tiveram, à semelhança dos heróis da fé, alistados anteriormente (capítulo 11); demonstrada não em grandes discursos, mas em manter a fidelidade nas pequenas coisas no dia-a-dia.


E, abraçando esta segunda característica está a terceira que é a de manter um padrão coerente de vida. A exortação é a de “considerar atentamente”. “Lembrai-vos” pode significar “observar” num sentido literal como em Atos 17.23, quando Paulo diz que observou os objetos de culto em Atenas; mas é empregada aqui num sentido figurado, com o significado de “considerar”, o que subentende uma observação cuidadosa.


“Considerando atentamente o fim da sua vida”. Com o objetivo de atentar para a coerência de sua carreira; revelada através do efeito prático da sua maneira de viver; unindo em um só estilo suas palavras e seu comportamento digno. Esta mescla implica em êxito, isto é, em ótimos resultados.


Guias que possuem estas características devem ser considerados, pois realçam a verdade do evangelho; mantendo-nos em rumo semelhante de fidelidade, confiança e coerência espiritual.


(Concluiremos na próxima postagem)

terça-feira, 2 de junho de 2009

Amigo é aquele que também erra!


Procura-se um amigo. Alguém em quem confiar. Que seja a expressão perfeita da fidelidade, e do companheirismo. Alguém que saiba guardar segredo. E, acima de tudo, que não falhe. Que nunca minta, traia, e esteja indisposto. Enfim, procura-se por toda parte aquele que é perfeito para equilibrar o relacionamento, completando alguém que é imperfeito.


É certo que o imperfeito almeja o amigo perfeito; mas, será que o perfeito amigo desejará se relacionar com alguém imperfeito? Qual seria o benefício do amigo perfeito em se dedicar a alguém que muito deseja, mas, não tem tanto a oferecer?


De que lado você estaria? Em qual dos personagens você se encaixaria: no perfeito amigo ou naquele que deseja um amigo perfeito?


Interessante a compreensão que se tem do perfil de “amigo”. Esta idéia de que amigo é aquele que não erra, não falha, não vacila. Provavelmente, esta compreensão tem sua raiz na afirmação de que quem ama não é infiel, nem mesmo por algum momento. Não vacila em seus sentimentos, e em sua vontade de estar ao lado do alvo de seu amor. Nada mais falso! Bonito, desejado, idealizado, porém, falso, por ser impossível de ser alcançado.


Se assim o fosse nenhum homem amaria ao Senhor. Ninguém seria seu amigo, e desfrutaria de sua amizade. Somos pecadores, o que implica em instabilidade. Somos cheios de convicções que se entrelaçam, se transformam, e, às vezes, são ignoradas, quando não esquecidas. O próprio Senhor afirmou a nossa realidade: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17.9). O Senhor afirmou no versículo seguinte que ele é quem esquadrinha o coração do homem. Ele é quem o conhece, e o resultado é este: corrupção. A possibilidade de termos uma amizade com o Senhor não está em nossa "perfeição", mas sim na graça do Perfeito.


É claro que o homem deseja um amigo fiel, conforme a descrição da perfeição. Afinal, ele não quer olhar para alguém que o lembre de sua pecaminosidade. Ele detesta a idéia de olhar para o outro é enxergar a si mesmo, na mentira, na traição, na falha que irrita. A esperança é a de ter alguém ao lado que compense o pouco que pode dar. Ter alguém que o ajude a ser melhor do que é. Por isso, o sonho utópico de um amigo perfeito.


Utópico por ser irreal. Jó afirmou: “Os meus amigos zombam de mim, mas os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus” (16.20). Nada mais natural, afinal não se espera de todo amigo, autenticidade? Não se cobra que fale a verdade, somente a verdade? Seus amigos expressaram os seus pensamentos, as suas conclusões. Com autenticidade afirmaram que ele estava em pecado. Estavam errados diante de Deus, mas, foram autenticamente amigos.


Davi afirmou: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou o contra mim o calcanhar” (Salmo 41.9). Este amigo, mesmo que errando, expressou a essência de sua alma pecadora. Ele agiu em conformidade com o que era. Não é isso o que normalmente as pessoas esperam de seus amigos?


Que tipo de atitude se pode esperar de pecadores autênticos; de pecadores que falam e agem em sintonia com a essência do que são? Se um amigo somente acertar, e nunca falhar, estará agindo com falsidade, passando uma imagem do que realmente não é; pois não existe alguém assim.


Provavelmente, o melhor conselho sobre a amizade está em Provérbios 27.17: “Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo”. Isto implica em realidade em ambas as partes. Não há perfeição. Há, sim, entendimento do que são, e de que mesmo sendo imperfeitos desejam trabalhar em sintonia para melhorarem um ao outro. Desejam, assim como Deus, cultivar um relacionamento através de uma dose generosa de graça, de misericórdia. O acerto de um com o erro do outro; os acertos de ambos; assim como seus erros ...


Não há pessoa perfeita. Portanto, se queremos um amigo que nos seja autêntico, lidaremos com tudo aquilo que fluirá de sua alma pecadora. Pela graça de Deus, coisas boas. Pela realidade da natureza pecaminosa, coisas desagradáveis, ruins, indesejáveis. A possibilidade de uma amizade real está na compreensão de dois fatos: Amigo é aquele que também erra. E, somente o Senhor é quem merece toda a consideração, toda a nossa confiança; pois ele, sim, é perfeito. “Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do Senhor! Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor” (Jeremias 17.5, 7).

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Nossa vocação missionária

A particularidade de sermos povo exclusivo de Deus, e termos de testemunhar de sua grandeza, não é exclusividade da Igreja. Não é a partir do segundo testamento (NT), com a ordem deixada por Cristo, que a obra missionária é iniciada. Missões não começa no “ide” (ou “indo”).


Esta realidade é encontrada na razão da existência do povo de Israel. A razão de sua existência revela sua ligação com o Senhor, inibindo todo o temor, e impulsionando-o a obra missionária. Compreendemos a distinção entre Israel e Igreja. São povos distintos, com características distintas: Israel recebeu do Senhor um nome, uma identidade; assim como uma constituição; e uma terra. As promessas recebidas dizem respeito à realidade terrena. Suas guerras são contra as nações que lhe fazem oposição. Já a Igreja recebeu do Senhor uma identidade; porém, as promessas recebidas dizem respeito à realidade celestial. E suas guerras são contra o reino das trevas (principados e potestades). São povos distintos; que em momentos distintos, representam o Senhor na terra; manifestando sua existência e sua vontade soberana.


Considerando Isaías 43.1-13, como exemplo, visualizamos a essência da vocação missionária de Israel. O Senhor, através do profeta, exorta a Israel a não temer; e dá as razões para isso:


1. Porque Israel é criação de Deus (43.1). Povo que recebeu um nome, uma identidade. Povo que se tornou família do Senhor. O Senhor é apresentado como o parente remidor; como aquele resgatou sua propriedade familiar. Esta é a essência de “remir”. Através de Isaías Deus torna claro que trataria a Israel como membro de sua família; reclamaria seus direitos e cumpriria suas obrigações para com ele. E tudo isto, então, redunda que Israel pertence ao Senhor. É povo de propriedade exclusiva de Deus. E o Senhor andaria com eles (43.2-3).


2. Porque Israel é estabelecido pelo Senhor (43.5-6). Ele é quem reunirá a toda a sua descendência; o que parece, inclusive, nos incluir; referindo-se a reunião de todos os eleitos; como diz no v.7: a todos os que criei para a minha glória. E esta é exatamente a outra razão para não temer; pois fomos (incluindo a Igreja) criados para a sua glória. Ele é glorificado por nós (43.7). O que implica, obrigatoriamente, que nossa vida, mesmo que através da água e do fogo, exaltará o Deus da nossa salvação. E é interessante a compreensão de Deus acerca disto; pois, como afirma no início do v.7, os filhos de Deus compartilham tão amplamente de sua vida que não são mais tratados pelo próprio nome, mas sim pelo nome de seu Senhor. Isto é, sua identidade é totalmente ligada à daquele a quem glorificam.


3. Porque Israel é testemunha de Deus (43.10). Interessante a afirmação categórica de Deus, por meio do profeta, que esta função se inicia na escolha soberana de Deus para a salvação. Três verbos fortes: conhecer, crer e compreender. Uma seqüência lógica no processo de reconhecer quem Deus é. A forma de conhecer o “Eu Sou”.


Israel é testemunha do Deus, Salvador (43.11-12). Por todo o livro de Isaías, esta declaração ecoa. A soberania de Deus em criar, em sustentar, em escolher um povo para si, em salvar este povo, e em fazê-lo entender todo este processo (exemplo: 44.6-8).


Israel é testemunha do Deus eterno que tudo pode (43.13). E que estabelece a sua vontade sobre tudo e todos; mas, de maneira especial sobre o seu povo.


Enfim, Israel é exortado por Deus a não temer, porque toda a sua realidade: origem, salvação, vida e futuro; incluindo sua tarefa, está ligada ao Deus de sua salvação.


Esta compreensão de Israel ser povo de propriedade exclusiva de Deus, com uma tarefa específica de testemunhar esta familiaridade; e a forma como isto se torna possível, isto é, a forma do homem ter um relacionamento íntimo com Deus, é aplicada totalmente a nós, como igreja do Senhor:


“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1 Pedro 2.9-10).


Somos povo de propriedade exclusiva de Deus para servir de testemunha de sua glória. Assim, a razão de nossa existência revela nossa ligação com o Senhor, inibindo todo o temor, e impulsionando-nos a obra missionária. Esta é a razão de missões. Esta é a essência de nossa vocação.