sábado, 7 de julho de 2007

Conquistar ou ser conquistado?

Nascemos com a volúpia da conquista. Queremos o leite materno, o colo intenso, a presença constante, o carinho e a proteção. Crescemos, querendo os brinquedos, o chocolate, o doce, ao invés do salgado; queremos a atenção e a concordância de todos, culminando com os parabéns. Chegamos à adolescência e a conquista continua, porém com novo gosto, ou nova roupagem. Continuamos a conquista pela atenção, pela concordância, e pelos parabéns. Introduzimos novas conquistas: a menina bonita, o amigo esperto, a turma da hora, a vestimenta que cola, as saídas vespertinas e noturnas. Chegamos à juventude e as conquistas começam a preocupar: a pessoa certa para formar a família, o curso perfeito para um futuro promissor, o conhecimento que abre as portas para aquilo que se sonha. Continuamos a viver, a alcançar anos de vida, e a constância da conquista batendo à porta em todas as manhãs. Ora, as conquistas saboreiam a vida para o nosso paladar, ora, nos frustram, devido ao insucesso, ou a descoberta de que elas não são suficientes para nossa satisfação. Conquistar hoje, amanhã, e sempre.

Se esta é a realidade de todos, quem sobra para ser conquistado? Se todos são conquistadores, a quem conquistamos? Eis o cerne da questão, o entendimento fundamental para o equilíbrio na vida. Apesar do mover pela conquista, somos sempre conquistados. Quando apontamos a mira para algo ou para alguém, buscando conquistar, é sinal de que já fomos conquistados pelo alvo de nosso desejo. Fisgados por aquilo que almejamos fisgar. Assim, somos mais conquistados do que conquistadores.

Este entendimento equilibra nossas ações. Faz-nos enxergar além de nossos sentimentos, levando-nos a refletir sobre o que queremos, por que queremos, e para que queremos. Torna-nos adultos, sem, contudo, apagar a chama infantil. Descobrimos que é melhor ser homem do que deus. Pois a visão de sempre ser conquistador é uma manipulação de nossa natureza, inflamada pela pecaminosidade incrustada em nossos ossos, carne e sangue. Manipulação que cega o entendimento, criando a falsa impressão de senhorio. O que embebeda a pessoa em um mar de orgulho e de conseqüente frustração. Porém, quando acordados pela realidade de sermos conquistados, visualizamos a realidade de nossa pequenez. Assim, somos alcançados pela graça do Criador, e mergulhados em um mar de amor. Criando em nós a sensação de dependência, de humildade, de companheirismo, de alegria e satisfação na parceria com Deus.

Conquistar ou ser conquistado? Ser homem orgulhosamente cego ou ser homem alcançado pela misericórdia de Deus, isto é, ser homem humildemente visionário?
Você conquista ou é conquistado?

domingo, 1 de julho de 2007

O que ficará?

“Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos” (1 Coríntios 13.9).

Não estamos no mesmo contexto de Paulo quando escreveu aos coríntios, ordenando a teologia de uma igreja ativa, porém ambiciosamente orgulhosa. Mas, ainda assim há semelhança suficiente para aplicarmos esta frase em nossa vida.

Líder destacado. Líder destacado, agora instruído. Bacharel em teologia. Mestre. PhD em teologia, ou em Ciência da religião, ou algo semelhante. Em meio a tanta formação e informação, cerimônias, debates, aulas, pregações, e afins; o que realmente diferencia o comum do incomum?

Entre alguém que pensa muito saber e alguém que sabe pouco conhecer, qual a diferença, já que para ambos, conscientemente ou não, há limite certo no conhecimento e na aplicação deste? Por melhor observador, e por maior agregador que sejamos, em parte conhecemos e em parte ensinamos, pregamos, discipulamos.

“O amor nunca falha” (1 Coríntios 13.8a).

A diferença é o amor. Amor de Deus compartilhado com o homem, que quando enraízado, o torna humilde e agregador. Através deste enxergamos que nossa participação nas “conquistas” está mais em sermos conquistados do que em conquistarmos o conhecimento; sendo esta uma boa aplicação de que o “temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Somos tomados, conquistados pelo Senhor, para então entendermos a sabedoria; que é sempre visível através dos relacionamentos:
“A sabedoria que vem do alto é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia” (Tiago 3.17).

Após tanto esforço, ou mesmo completa ausência de esforço, o que ficou?

Tantas conversas e debates, o que ficou de bom conselho? Tantas pessoas, tantas risadas, o que ficou de verdadeira e doce amizade? Tantas mensagens ouvidas, ou pregadas, o que ficou de vida? Tantas horas de estudo e de pesquisa, o que ficou de aplicação? Tanto investimento, o que ficou de bom para a família? A família ficou?

“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (João 15.10a).

O amor fica! O amor é o resultado dos mandamentos do Senhor. Por isso Paulo escreveu que o amor nunca falha. Qualquer coisa passa, mas o amor fica.

Depois que você, assim como eu, passar, o que ficará? De tudo o que conquistou ou foi conquistado, de tudo o que fez ou deixou de fazer, o que ficará que valerá a pena?
Oxalá, seja o amor!