sexta-feira, 7 de março de 2008

O valor da música


A música é um aspecto da adoração. É interessante notar que nas diversificadas visões dos personagens bíblicos acerca da presença de Deus, ou da habitação de Deus, há algo em comum: a música!

“Então vi no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. [...] E entoavam um novo cântico.” (Apocalipse 5.6-14).

Os santos cantavam a respeito de Cristo, a respeito da redenção mediante o sangue; enfatizando os propósitos soberanos de Deus em atrair para Si mesmo um povo, para que sejam reis e sacerdotes.

A música é parte integrante da adoração. Considerando em sentido bem específico sua função, notamos que ela possui dois objetivos, que são (ou podem ser) tanto distintos quanto congruentes. E estes têm se confirmado na história humana: (1) Criar ambiente, e (2) fixar conteúdo. Durante grande período na história eclesiástica, o canto gregoriano serviu para propiciar um ambiente espiritual, facilitando a reflexão. A partir da Reforma protestante, a música congregacional é implementada por Lutero, objetivando ensinar o conteúdo das Escrituras. As duas realidades, modificadamente, perduraram até os tempos pós-modernos.

Estas realidades estiveram presentes na rotina de Israel, e uma das provas disto são os salmos, verdadeira herança dos sentimentos e da aprendizagem do povo. Como exemplo, temos textos já considerados:

1. (2 Samuel 6) “Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor”. A adoração de Davi manifestava suas emoções, revelando o ambiente de alegria; porém, não trazia naquele momento nenhum conteúdo teológico específico (14-15, 21).

Alguns poderiam argumentar que junto ao ambiente musical, Davi ensinou ao povo sacrificando ao Senhor, fixando assim ensinamento (13, 17). Os sacrifícios faziam parte da solenidade, como a leitura e a oração fazem parte do culto; no entanto, conteúdo específico, por parte da música, não está relatado.

Todo o povo, guiado por Davi cantavam ao Senhor: “Davi e todo o Israel alegravam-se perante Deus, com todo o seu empenho; em cânticos” (1 Crônicas 13.8). Não sabemos o conteúdo exato destes cânticos, mas, evidentemente, manifestavam sua adoração. Porém, é claro neste contexto que o ambiente prevalecia, sendo declarado pela alegria e pelo empenho de todo povo.

2. (1 Crônicas 16.4-5, 23-25; 25.1; 2 Samuel 23.1-2) “Davi, juntamente com os chefes do serviço, separou para o ministério os filhos de Asafe, para profetizarem através da música”. O objetivo de proclamar a vontade do Senhor para o povo; de ensinar; de relembrar quem o Senhor é e o que Ele espera de seu povo. Neste caso é imperativo que o conteúdo da adoração cantada (hinos, hinetos) sejam doutrinariamente corretos. Expressem, com exatidão, as palavras do Senhor.

Diante desta realidade múltipla e ao mesmo tempo integrada, entendemos o porque do esforço de Davi, como rei, em estabelecer uma estrutura toda especial para a adoração através da música. Assim, como entendemos também o porque da exortação de Paulo a igreja quanto ao equilíbrio no cultuar: “Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente.” (1 Coríntios 14.15). Uma consideração da realidade múltipla da música, em seus objetivos. Mas, também, da realidade integrada, mostrando a necessidade do equilíbrio entre a razão e o fervor, entre a consciência e as emoções.
Poucas coisas ressaltam a beleza da adoração como o faz a música. Deus nos deu cânticos! O livro mais extenso das Escrituras é o livro dos Salmos. A música não é um elemento extra que acrescentamos ao culto, não é preenchimento de espaço. Ela é vital para nossa adoração: “Bom é render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo” (Salmo 92.1).