quarta-feira, 22 de abril de 2009

Por quem ministramos?

Sentimo-nos vocacionados em um determinado momento em nossa vida. Alguns, de uma forma mais subjetiva, ou mesmo mística; outros, por um processo mais racional. De qualquer maneira, passamos pelo crivo da igreja, com a concordância da liderança, e, posteriormente, dos membros (mesmo que seja por simples aposta: “Quem sabe?”).

Tenho dom, e talento! Como confirmá-los? Este é o papel da igreja. Então, ela entra em cena (pelo menos, deveria). Orientação, atuação, observação, e confirmação é a atuação bíblica da igreja, centrada em agradar ao Senhor, e em investir em seu próprio crescimento.

Pois bem, nossa vocação parece confirmada. Então, o próximo passo: A formação. A escolha do seminário, as disciplinas; tantas tarefas! No mesmo compasso em que a admiração é aumentada, surge a cobrança. Uma mescla de cuidado e exigência. O que fazemos, dizemos, vestimos, comemos, tudo, absolutamente tudo passa a ser considerado. Mas, tudo bem, pois isso também faz parte da formação; afinal, é exatamente com este tipo de atitude que lida todo aquele que vive o ministério.

Após alguns anos, surge, enfim, a formatura. E, então, o ministrar. Onde se encaixar? Se a igreja tem a visão do preparo voltado para o servir através dela, ótimo! Enorme caminho já percorrido; faltando apenas o encaixe que lida com o tamanho do servir: Parcial, integral; em que área específica; o ajuste da equipe ministerial; etc...

Ufa! Finalmente, o servir ao Senhor, integralmente, servindo ao próximo. E, uma nova etapa: o fazer discípulo, formando outros para o ministério.

Em todo esse processo temos de lidar com algo fundamental, que tende a passar desapercebido, por ser algo normalmente inconsciente: Ministramos por quem? Eu sei que a resposta automática é: “Pelo Senhor”. Mas, como sugerido, esta é em muitos momentos automática. Como saber se não fazemos por nós mesmos?

Creio que um bom entendimento seria: Quando notamos que nosso contentamento não depende tanto da reação dos outros. Quando percebemos que o ministrar é prazeroso. Quando a humildade é preservada na disposição em aprender. Quando há maior abertura para a virtude do próximo do que para os defeitos. Quando nos tornamos menos críticos e mais compassivos; firmes, porém, cheios de misericórdia. Quando a tendência em perseverar se torna natural em nosso proceder. Quando aplicamos a soberania de Deus em nosso viver diário, não nos desesperando; ou mesmo vendendo tudo o que se crê. Quando as pessoas notam sinceridade em nossos relacionamentos. Quando o sofrer passa a ser algo não procurado, mas entendido como natural na vida de todo homem, e também de todo servo. Quando a paz da alma se torna uma marca da presença de Cristo em nossa vida, trazendo equilíbrio para o ministério.

Quando notamos que o erro e a rebeldia alheia menos afeta o nosso “eu”, e mais desperta a nossa compaixão; podemos, então, dizer que ministramos pelo e para o Senhor.