
Igrejas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros já que a sua essência é o vôo.
Igrejas que são asas não amam pássaros engaiolados. Amam os pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado, mas sim encorajado.
A essência de todo homem, além da realidade do pecado, aponta para algo anterior: a imagem do Criador. Que por pertencer à criação permanece, mesmo diante da intrusa predominante. Isto o direciona a possibilidade de voar em direção ao Criador para viver uma realidade além desta, a realidade do Reino de Deus.
Como pássaros feridos pelo medo, pela dúvida, pelas más escolhas, pela cegueira moral e espiritual, o homem não voa. Quando muito arrisca alguns rasantes, enxergando-os como o máximo de todo homem perfeito e bem sucedido. Se acostuma a realidade imposta pela maldita e escravizante natureza, herdada dos demais. E assim caminha (não voa) até seu triste e repetitivo fim.
A igreja, como representante do Criador, tem a tarefa de direcionar este homem ao convívio libertador do Portador de sua imagem. O fim da igreja não está em si mesma, mas sim Naquele que a instituiu e estabeleceu seu propósito e tarefa. Igreja não existe para ser dona de ninguém, muito menos para reescrever ou restabelecer o caminho e a verdade, pois estas já existem como atributos Daquele que é a vida.
Igreja não existe para engaiolar o homem, regando seu medo, suas dúvidas, sua cegueira. Igreja não existe para ser dona de homem algum; muito menos para representá-lo. Igreja existe para lembrar o homem de sua realidade e encorajá-lo a um relacionamento prazeroso com seu Criador; que não o deseja escravizado, mas sim voando sob a sua proteção.
Boa e fiel igreja não é aquela que mantém seus pássaros engaiolados à espera diária de comida e água, como “substitutas do Sustentador”. Fiel e boa igreja é aquela que conduz seus pássaros à vida, encorajando-os a voar, dependendo unicamente do Criador.
“Os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Isaías 40.31).