quinta-feira, 29 de março de 2007

e-mail maldito

Usufruo desta ferramenta espetacular que é o e-mail. Como facilitou nossa vida! Praticamente acabou-se a necessidade de seguir o cansativo roteiro:

1. Escrever (datilografar).
2. Envelopar.
3. Colar o envelope.
4. Levar até o correio.
5. Enfrentar fila.
6. Colar o selo.
7. Torcer para que chegue ao destino.

Aproveito-me tanto desta quanto de outras maravilhosas ferramentas. Mas, existe o lado negativo desta comodidade. Há empresas brasileiras e americanas que implantaram o “no e-mail day” (dia sem e-mail). A razão é simplesmente porque muitos problemas são resolvidos ou solucionados quando as pessoas falam diretamente com os responsáveis.

É incrível como isto vicia! O professor Luiz Marins comentou que certo dia viu um funcionário falando a outro, sentado a seu lado: “Leu o e-mail que acabei de mandar para você? Leia, pois é muito importante!” (Artigo Faça um no e-mail day em sua empresa. Revista TAM, 2007, n.2)
. Conta-se também a anedota que em meio a um incêndio na empresa, o diretor pergunta à secretária se ela chamou os bombeiros. Ela responde: “Já enviei um e-mail com sinal de alta prioridade”.

Isso revela não somente a acomodação como também o exagero. A quantidade de e-mail com informações desnecessárias, ineficazes e fúteis é absurda. Daí o esforço de provedores e pessoas para criarem barreiras, filtros, isto é, criarem ferramentas que limitem outra ferramenta.

Teologizando, diria que o e-mail torna-se maldito quando dificulta aquilo que é essencial para o desenvolvimento das relações sociais: a comunicação pessoal, olho no olho, sentindo a expressão que revela contentamento ou descontentamento, alegria ou tristeza, animação ou indiferença. É por meio do contato visual e auditivo que a comunicação melhor se desenvolve. Nem sempre se diz com as palavras aquilo que realmente se intenciona. Em muitas ocasiões a palavra escrita ou falada aponta para um lado, enquanto a expressão facial (ou corporal) para outro, completamente avesso.

Para nós, brasileiros, a necessidade de que a comunicação ocorra de forma direta é ainda mais gritante, pois carecemos da conversa. É incrível como resolvemos os problemas quando nos comunicamos pelo meio mais rápido e direto que existe: falando. Tudo começa a acontecer.
Afinal, como diz o ditado, conversando a gente se entende...