quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Maldita influência

Números 13.25ss: “Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós”.

Toda influência é influenciada por uma reação a algo superior.

Um pouco mais de dois anos havia se passado, desde a saída do Egito. A saída, os mandamentos, as regras, as estratégias de acampamento, de guerra. Tudo já encaminhado. Chegam finalmente às portas da terra prometida, e doze homens são enviados por Moisés a espiar. O povo, assim como sua liderança, na expectativa de boas notícias; afinal, foram retirados da escravidão do Egito para esse grande momento. Todos cansados da rotina itinerante, porém, alegremente tensos; afinal seriam um povo respeitado, e assim, o futuro de suas famílias estaria garantido. No entanto, com o retorno dos espias a decepção! E, então, percebemos a força da influência; e como esta pode ser positiva ou negativa, boa ou má. O texto revela esta força em quatro etapas.

Primeiro, a influência (13.27-29, 31-33). Normalmente todo discurso negativo segue uma mesma linha. Primeiro, uma breve palavra positiva: “verdadeiramente mana leite e mel, este é o fruto dela” (27). Para então surgir uma prolongada palavra negativa: “O povo, porém, é poderoso, verdadeiras fortalezas, inimigos terríveis e bem estabelecidos” (28).

O discurso negativo se tornou extenso, forte e conclusivo (31). E para atingirem seu objetivo na influência sobre o povo, começaram a infamar a terra. Isto é, iniciaram uma campanha de difamação, a fim de criarem repulsa, aversão a terra (32). O objetivo era o de enfatizar seu ponto de vista, levando o povo a segui-los (33).

Em segundo lugar, a reação à influência (14.1-3, 10). Primeiro a ira, a raiva, a indignação (1a). Depois, o choro (1b). E, finalmente, a murmuração (2). E com a murmuração a sandice, a insensatez. Um povo que viu e que experimentou o poder de Deus se deixou levar pela má influência. Não está em questão o esquecimento ou o ignorar a existência e a presença do Senhor (3). Eles se lembravam do Senhor, mas foram incapazes de associar Sua realidade à necessidade do momento. E, o pior, é que a raiva, o choro e a murmuração que traz consigo a sandice é normalmente recheada com agressividade (10).

Então se percebe a motivação (14.9). Um coração medroso e rebelde. Medroso para com as dificuldades que batem à porta, chegando mesmo à covardia; mas corajoso o suficiente para se rebelar contra o Senhor. Eu diria, em termos pastorais, um coração desejoso de seguir aquilo que vê, ouve e toca; porém, preguiçoso em exercer fé.

Pronto para acreditar no que ouve na TV; no que lê em livros diversos de autores sequer conhecidos ou qualificáveis; no que ouve de toda e qualquer boca ansiosa para falar, para contar algo, mesmo que não seja exatamente a verdade; no que sente, mesmo sabendo que os sentimentos nos traem, ora revelando simpatia ora antipatia, ora conduzindo a expressões como “te amo” e ora conduzindo ao silêncio, à indiferença.

Mas receoso em acreditar no Senhor. Preguiçoso em ler e em acreditar nas Escrituras; mas pronto para plantar comparações que dificultam a aplicação dos princípios de Deus à vida. Preguiçoso em orar, em crer que Deus tem prazer em ouvir a oração sincera, e prazer maior em atendê-la, mesmo que seja com um “não” carinhosamente confortante. Preguiçoso em ser coerente, em ser responsável, em ser trabalhador. Indisposto a servir a família, a igreja, ao irmão; mas disposto a ser servido por todos, principalmente por Deus.

É interessante como o Senhor descreve isto com maestria através de Jeremias: Maldito o homem que é influenciado pelo próprio homem. Bendito o homem que é influenciado pelo Senhor. E de repente Ele afirma: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”. O problema está na influência de nosso coração.

Finalmente, temos a conseqüência (14.22-23). Peregrinaram pelo deserto até a morte. Deus tornou a eles aquilo que acreditaram: não herdaram a terra por não acreditarem ser possível. É incrível como o Senhor está sempre a ensinar, provando seu poder. Ironicamente levou o povo a perambular quarenta anos pelo deserto. Cada ano correspondendo a um dia de trabalho dos espias. Além disso, prometeu dar a terra como herança a seus filhos. Os mesmos que os pais disseram que o Senhor mataria se entrassem na terra (30-35).

Em algumas poucas oportunidades disse a jovens (e em especial aos nossos jovens) que muitos passam pela vida sem deixar marcas, até mesmo sem viver. A tendência natural é que aquele que “passa” pela adolescência e juventude continuará a passar até o fim de sua vida, a não ser que Deus aja misericordiosamente. É influenciado a não influenciar, ou a influenciar negativamente, revelando um coração preguiçoso e incrédulo.

Seguindo esta tendência natural, a palavra entra e sai e nada acontece positivamente, nada que revele vida. Por isso temos investido nas crianças e nos adolescentes para que vivam, e ao viverem façam a diferença.

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele” (Provérbios 22.6). Investimos, influenciando, para que vivam com qualidade, marcando a vida daqueles com quem conviver.

Investimos para que amem ao Senhor, e confiem nele. Rejeitando a influência negativa que os rodeiam, a começar de dentro de casa.

Investimos para que a conseqüência de suas vidas não seja a morte, a começar por um viver terreno miserável. Mas, sim, para que tenham vida expressada na alegria, na bondade, na perseverança, na conquista daquilo que agrada a Deus.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Qualidade se conquista


“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” Provérbios 22.6

O princípio é o de investir. Para se ter um adulto firmemente equilibrado se faz necessário investir em sua educação desde quando criança. Não se espera um milagre diante da inércia ou da indiferença, revelada pela irresponsabilidade do pai, ou do educador.

O mesmo princípio é aplicado à igreja. Em sua carta a Igreja em Éfeso, o apóstolo Paulo escreveu: “E ele mesmo [Cristo] concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres [sintetizando: concedeu uns para líderes], com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (4.11-12). Deus capacita a igreja, levantando líderes para que estes aperfeiçoem a todos, a fim de que todos (e cada um) contribuam qualitativamente (aperfeiçoados) para a edificação da comunidade.

É preciso investir! Investir tempo, dinheiro, conteúdo, relacionamentos, para que o salvo em Cristo, pertencente a Sua igreja, seja útil. Não simplesmente para fazer algo, mas para fazer bem, muito bem.

sábado, 17 de novembro de 2007

Por quê?

Pergunta que revela a existência de um enigma, algo não entendido, e que geralmente dói. É preciso que o não-entendido doa para que surja a pergunta. Há muitas coisas que não entendemos, mas elas não doem. Não doendo, a pergunta não surge. Fazemos a pergunta numa tentativa de diminuir a dor, para dar sentido à dor.

“Por que você falou desse jeito?”
“Por que não me ligou?”
“Por que quer terminar o relacionamento?” ...

Quem pergunta “por quê?” deseja uma resposta. Quer uma explicação, pois uma dor explicada é uma dor que dói menos (às vezes). Mas existem situações em que a pergunta surge sem esperança de resposta. E, mesmo que seja dada, de nada valeria.

“Por que morreu?”
“Por que nos deixou, partindo para o nunca mais?”
“Por que não passei?”

Na realidade não se espera uma resposta. O “por quê?” é um grito de protesto dirigido aos céus, um urro que nenhuma resposta explicará ou consolará. Grito que se grita diante da dor sem consolo. Em horas assim não há ateus. Se a cabeça diz que Deus não existe, o coração afirma que tem de existir.

Respostas teológicas surgem em ritmos divergentes, porém, apontando para uma mesma direção, numa tentativa de declaração: a explicação das razões baseadas no relacionamento entre o Deus onipotente (para alguns, transcendente, para outros, imanente, e ainda para alguns, tão um quanto o outro) e o homem, tão carente.

Diante de um “por quê?” a resposta divina é ansiada, porém, o que menos se espera, e é exatamente o que mais ilude e faz doer, é por uma resposta humana travestida como divina. É a postura de consciente ou não servir de porta-voz, ou intérprete do Criador; assumindo, assim, sacerdócio exclusivo. É a loucura de achar que se não houver uma resposta a todas as nossas perguntas, Deus perde seu posto e função de Soberano. É a tentativa ousada de domesticar a Deus, levando-o a concordar e a discordar com toda a vontade do abusado adestrador. Respostas assim causam mais sofrimento, além de orientar mal, guiando seu ouvinte a uma crença insana.

O Deus revelador em muitos momentos em sua Revelação ficou em silêncio, deixando o homem sem resposta para algumas indagações. E, mesmo, revelando somente aquilo que achou interessante, necessário. É mais fácil acreditar na limitação e ignorância do homem do que na impossibilidade do Criador. Isto nos ensina que há resposta para tudo, porém, que nem sempre deve ser revelada. Assim, há espaço para que alguns dos meus “por quê?” fiquem no ar, como desabafo, ou mesmo dúvida. Melhor assim, do que as respostas humanas travestidas de divinas!

De qualquer forma, eu estou aqui, Deus também, além de lá; e continua a me guiar. Respondendo ou não ao meu “por quê?”.

“Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Salmo 42.11).

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Estou cego, pois enxergo


Interessante a experiência do apóstolo Paulo no caminho para Damasco, quando ainda era Saulo. Um dos pontos que mais me desperta a atenção é o de ter Saulo ficado três dias sem enxergar (Atos 9.9). Por que esta necessidade? Creio que Saulo jamais enxergou tanto como neste período em que esteve cego. Um jovem idealista que buscava fogo para queimar (9.1-2); agitado em viagens de perseguição, com sede de extermínio (9.21). Para enxergar a realidade teve de ser sossegado pelo Senhor com um período de reflexão, sem subterfúgios para o entreter. Assim, por três dias, enxergou, avaliou e tomou decisão como nunca antes (Filipenses 3.4-11).

Em um mundo onde imperam a velocidade, a ganância e a abstinência moral, a realidade às vezes só se apresenta nítida àqueles que perdem a visão para o corriqueiro. Enquanto “enxergam” são deficientes quanto ao escutar, e ao reparar; assim como ao toque, e à necessidade alheia. Quando alguém perde a visão passa, por necessidade, a exercitar a atenção; conseqüentemente passa a ser mais gente, usar mais o coração; passa a dar mais valor para a solidariedade. Assim, se perde a visão, mas se recupera a lucidez; se perde a visão, mas se recupera o diálogo, principalmente com o Criador.

Enquanto o homem age como senhor, levado por aquilo que enxerga, atropela a verdade e a real necessidade de todos (sua e a dos que convivem com ele). Para ocorrer mudança, é preciso arrependimento e conversão. Esta só se apresenta quando é cegado para o eu. Então, como “cego” passa a enxergar com os olhos do Senhor. Somente assim, moral e espiritualmente falando, pode com alegria dizer: “estou cego, pois, enfim, enxergo!”. E não se torna alvo da repreensão do Senhor:
“Surdos, ouvi, e vós, cegos, olhai, para que possais ver. Quem é cego, como o meu servo, ou surdo, como o meu mensageiro, a quem envio? Quem é cego, como o meu amigo, e cego, como o servo do Senhor? Tu vês muitas coisas, mas não as observas; ainda que tem ouvidos abertos, nada ouves.” (Isaías 42.18-20)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Viver é ser criança

A percepção e o entendimento dependem da interpretação particular sobre aquilo que se apresenta ou é apresentado. Por isso a hermenêutica e a exegese são de valores incalculáveis, redundando em lógica coerente ou não. Tudo depende de quem vê, se vê, e como vê.

Temos um maravilhoso, e bíblico, exemplo quanto ao viver. Todos querem chegar à maioridade, isto é, ser adulto na compreensão e no agir; entendendo ser esta a fase e a forma mais bem sucedida de se viver. Os adultos pensam e agem como se as crianças nada soubessem. Por isso as crianças aprendem e os adultos ensinam. No pensamento comum, infância é o ponto de partida; enquanto a condição adulta é o destino, o ponto de chegada.

A exortação bíblica caminha na mesma direção, exortando-nos a agir com maturidade, não sendo mais infantil quanto à instabilidade e indisciplina: “não sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina” (Efésios 4.14). Em textos como estes, o Senhor nos adverte a agirmos equilibradamente quanto àquilo que alcançamos, de maneira que não venhamos a regredir.

No entanto, o Senhor, através de Sua Palavra, traz um contra-ponto: se por um lado devemos progredir em maturidade, agindo como adultos conquistadores; por outro lado, devemos cuidar para manter a vida em sua perspectiva infantil: “Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus” (Mateus 19.14). “Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mateus 18.3). A verdadeira vida, aquela que indica o caminho e o estilo do reino, é mais bem retratada pelo estilo infantil: sem dificuldades para se humilhar, para se arrepender, para assumir dependência; companheirismo; autenticidade; facilidade em perdoar; coragem para arriscar; alegria, revelada pelo prazer em viver. São características imprescindíveis para se viver bem, sem a doente malícia, e a escravidão do “agradar” ao outro, a fim de conquistar o que se deseja.

A poetisa mineira Adélia Prado suplicou: “Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande...”. Sua doença era a de ser grande, de ser adulta. E este tipo de doença se cura tomando chá de infância, virando criança de novo: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3.3). Interessante a afirmação de Jesus a Nicodemos, principalmente após sua advertência: “Tu és mestre em Israel e não compreendes estas cousas?” (João 3.10). Tu és adulto, mestre, e não entendes? Precisa ser como criança, nascer novamente, crescer e viver como criança para então receber e gozar a vida eterna.

Quando os adultos com sua formação e interpretação particular ensinam nos tornamos cientistas, doutores no saber, na arte de dominar o mundo. Quando as crianças ensinam nos tornamos sábios na arte do viver. Elas nos ensinam a nos libertarmos de nós mesmos, dependendo única e exclusivamente do Senhor (Mateus 18.1-5).

Com o crescer aumenta-se o conhecimento, e com este a consciência, multiplicando a responsabilidade. Esta é a conquista adulta a ser preservada. Porém, com o crescer aumenta-se também o pecado, e com este a malícia, a soberba, o medo, e o orgulho. Esta é a parte a ser convertida. E esta conversão se dá em viver como criança. Volte-se ao Senhor e ele o converterá em criança.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007



Falsidade

Mãos que se encontram ritualmente
Selando a cínica legalidade
Manifestada em sorriso deprimente
Assassinando a todos na formalidade

Abraços em absoluta desconexão
Revelam a autodefesa
Daqueles que escondem a emoção
Por medo de se tornar uma presa

Como se libertar da falsidade
Que se agiganta com a idade?

Seguindo o que Cristo revelou
“Ser como uma criança”
Que não tem medo do amor
Nem de aceitar Sua aliança

Wagner Amaral
18/10/2007

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Assentos reservados

Quando vejo no ônibus ou no metrô o aviso: “Assentos reservados”, percebo o quanto estamos distante da realidade divina para os homens. Antes de servir como modelo de organização ou de evolução da raça humana, retrata a falta de educação de nossa sociedade. A existência de tais avisos realça a necessidade da lembrança, revelando que a sociedade se esqueceu dos bons modos.

Anos atrás seria comum, por simples educação, os homens, ou os jovens, cederem seus lugares às mulheres, aos idosos, às grávidas; e isto sem olhares tortos, sem resmungo, mas, ao contrário, com sincero e salutar impulso.

Pois bem, hoje, para vergonha de nossa sociedade, temos de ser lembrados daquilo que deveríamos fazer por educação, até mesmo por prazer. E, piorando a questão, percebemos que nem com a lembrança a educação prevalece. São “sonos” repentinos que começam assim que alguém que merecia o lugar aparece. E sonos que inexplicavelmente desaparecem no momento exato da descida do “indivíduo chato”. Tanta organização para tão pouca educação!

Pois bem, quando olhamos para o viver da igreja de Cristo percebemos a mesma tendência perigosa. Não falo de assentos reservados, pois, pelo menos na igreja, isso ainda funciona. Falo de certas práticas que podem nos tirar do eixo divino. O cantar, o ler as Escrituras, o orar, tudo por pura organização, simplesmente por sermos avisados que é o momento. Sem falar nas “rezas cumprimentais” em meio aos cumprimentos, mais para evitar a crítica e a desconfiança; menos pelo amor, pelo prazer, pela sinceridade da comunhão, pelo desejo de se envolver com o próximo.

Podemos ainda anunciar nossa educação em ceder lugares aos outros, em desfrutar de uma organização estruturada; mas temos de cuidar de nosso coração, para que não enferruje, reservando assentos em nossa alma para a indiferença, para a frieza, para o egoísmo que leva o indivíduo a enxergar somente suas necessidades, ignorando as de todos, ou, pelo menos, da maioria.

Que adiantaria uma igreja hiper-organizada, maestrinamente administrada, porém, secamente amável, friamente amigável e hipocritamente distinta?

Minha oração é que eu, você, e a igreja de Cristo, transmita o amor de Deus e a educação de seus princípios a todos os que vivem nesta sociedade modernamente organizada, mas sentimental e espiritualmente vazia.

“Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”.
João 13.35.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sofrimento

Há sofrimento que faz sentido. É aquele que aceitamos voluntariamente pela alegria que surgirá no fim. As dores de parto são um sofrimento que faz sentido. “O prazer engravida, mas é o sofrimento que faz parir”, diz William Blake.

Há sofrimento que não faz sentido. É aquele que nos acontece sem que o desejemos e que nada de bom nos traz no fim. É sofrimento puro, só sofrimento. As dores de uma indigestão são um sofrimento que não faz sentido. Enjôos e cólicas não são portadores de alegria; mas sim manifestações de males.

O que destrói as pessoas não é o sofrimento. Somos capazes de aceitar os maiores sofrimentos se, ao final, existe a chama da alegria. O que destrói as pessoas é a falta de sentido. Os sofrimentos que fazem sentido são uma expressão da vida. Os sofrimentos que não fazem sentido são uma manifestação da morte.

Quando o apóstolo Paulo afirma que “todas as coisas [incluindo os sofrimentos] cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”, ele apresenta o sentido: “daqueles que são chamados segundo o seu propósito [serem conformes à imagem de seu Filho, v. 29]” (Romanos 8.28). Quando Tiago afirma que “devemos ficar alegres por passarmos por provações [sofrimentos]”, ele também apresenta o sentido: “sabendo que a provação produz perseverança, e a perseverança conduz à perfeição” (Tiago 1.2-4). Assim, o sofrimento não é o fim, mas o meio de se alcançar algo prazeroso.

Por outro lado, Davi apresenta o sofrimento não como meio, mas como resultado quando afirma que alguns “sofrem perturbação por causa de sua ignomínia” (Salmo 40.15). Semelhantemente, o apóstolo Pedro exorta ao cuidado para não sofrermos como resultado de nossas más ações: “Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem” (1 Pedro 4.15).

Quando o sofrimento traz sentido, isto é, aponta para um resultado prazeroso, lidamos com ele com certa disposição e tolerância necessária. Porém, quando o sofrimento não traz sentido, isto é, não aponta para nenhum resultado, sendo ele próprio o resultado de alguma ação ou omissão, simplesmente sofremos.

No entanto, até nessas horas terríveis a graça de Deus se manifesta “salvadora”, pois em meio ao sofrimento puro e concludente, surge um passo além, uma tela final: o aprendizado. Sofrer para aprender a não mais sofrer o resultado de nossos pecados. Isto é criar sentido para o que não tem sentido! Isto é graça!

Está sofrendo? Qual o sentido?

domingo, 23 de setembro de 2007

Retrato


Por que tenho saudade
De você. No retrato,
Ainda que o mais recente?
E por que um simples retrato,
Mais que você, me comove,
Se você mesma está presente?

Este poema de Cassiano Ricardo não brinca, mas sim revela a tragédia no relacionamento; e a crise na consciência de todo ser humano, na racionalização de seus sentimentos. É o poema um lamento.

Quem ama quer estar junto, segurar as mãos, ficar olhando para o rosto. Mas muitos não sentem isso quando estão com o outro. A presença estraga a alegria do amor. O “você” que a pessoa ama não encontra no outro. Encontra em seu retrato. A pessoa olha para o outro do outro lado da mesa e se lembra de seu retrato. “Ah! Como ‘você’, presente, é diferente do ‘você’ em seu retrato! Olho seu retrato e sinto saudades”. O retrato é o lugar da ausência. O tempo do retrato é um passado irrecuperável. Assim, muitos amam a imagem do retrato, morta, embora a pessoa esteja presente. Seu amor mora num passado sem volta. “Sendo assim, não amo você, presente, do outro lado da mesa. Amo o ‘você’ que escorregou do seu rosto, e mora agora no retrato”. Amor infeliz. “Você, que eu posso abraçar, não é o ‘você’ que eu amo”.

Neste sentimento de saudade e frustração se expressa a decepção. A sensação de ter sido enganado, e a constatação de uma expectativa prazerosa, por ser infantil e sonhadora; mas também uma expectativa infeliz, por ser ingênua e irreal. Muitos não encontraram aquilo que realmente esperavam viver. Então, passaram a viver aquilo que não esperavam encontrar.

No entanto, esta crise de vida e morte em muito se autentica pelo desejo egoísta de receber. Pessoas que partem para um relacionamento verdadeiramente interessadas em ter vantagem, em receber o que o outro tem de melhor, e a rejeitar aquilo que não combina com suas aspirações, com seu projeto de vida. Resultado: Falta de sintonia. Claro! Afinal, cada um dos pares tem o mesmo plano. Cada “eu” buscando satisfazer o seu próprio “eu”. Quando o planejamento destes se cruzam, o desejo, a alegria, a pareceria e o contentamento é visível; porém, quando estes tomam caminhos opostos, é visível e terrivelmente experimentado o desgosto, a tristeza, o rancor, a individualidade e o descontentamento. Cada “eu” por si, e ninguém por todos!

Como afirmou o poeta: “O amor é a coisa mais triste quando se desfaz”. É triste por causa do retrato: porque ele faz lembrar uma felicidade que se teve (ou que se sonhou) e que não se tem mais. O retrato é uma sepultura para quem vive aquilo que não esperava encontrar.

Talvez por isso o Senhor revelou que a felicidade é o resultado de uma vida voltada para o “nós”. Você e o outro, juntos, envolvidos por um mesmo sentimento, por um mesmo propósito: Cada um vivendo para o outro, buscando com que o outro seja o mais feliz possível. Neste caso, os projetos sempre se cruzam. E em tornar o outro feliz, não somente você se alegrará por seu contentamento, como será o maior beneficiado, recebendo o fruto do mesmo objetivo.

“Amai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo esteja o amor, que é o vínculo da perfeição” (Colossenses 3.13-14).

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Gaiolas ou Asas

“Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas”. Eis um aforismo de Rubem Alves que me assaltou em uma aplicação para outra área: “Há igrejas que são gaiolas. Há igrejas que são asas”.

Igrejas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros já que a sua essência é o vôo.

Igrejas que são asas não amam pássaros engaiolados. Amam os pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado, mas sim encorajado.

A essência de todo homem, além da realidade do pecado, aponta para algo anterior: a imagem do Criador. Que por pertencer à criação permanece, mesmo diante da intrusa predominante. Isto o direciona a possibilidade de voar em direção ao Criador para viver uma realidade além desta, a realidade do Reino de Deus.

Como pássaros feridos pelo medo, pela dúvida, pelas más escolhas, pela cegueira moral e espiritual, o homem não voa. Quando muito arrisca alguns rasantes, enxergando-os como o máximo de todo homem perfeito e bem sucedido. Se acostuma a realidade imposta pela maldita e escravizante natureza, herdada dos demais. E assim caminha (não voa) até seu triste e repetitivo fim.

A igreja, como representante do Criador, tem a tarefa de direcionar este homem ao convívio libertador do Portador de sua imagem. O fim da igreja não está em si mesma, mas sim Naquele que a instituiu e estabeleceu seu propósito e tarefa. Igreja não existe para ser dona de ninguém, muito menos para reescrever ou restabelecer o caminho e a verdade, pois estas já existem como atributos Daquele que é a vida.

Igreja não existe para engaiolar o homem, regando seu medo, suas dúvidas, sua cegueira. Igreja não existe para ser dona de homem algum; muito menos para representá-lo. Igreja existe para lembrar o homem de sua realidade e encorajá-lo a um relacionamento prazeroso com seu Criador; que não o deseja escravizado, mas sim voando sob a sua proteção.

Boa e fiel igreja não é aquela que mantém seus pássaros engaiolados à espera diária de comida e água, como “substitutas do Sustentador”. Fiel e boa igreja é aquela que conduz seus pássaros à vida, encorajando-os a voar, dependendo unicamente do Criador.


“Os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Isaías 40.31).

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Perdão


“Posso perdoar, mas não consigo esquecer é apenas outra maneira de dizer ‘não perdoarei’. O perdão deve ser como uma nota promissória cancelada, rasgada e queimada, de modo que jamais seja apresentada novamente”. Palavras de Henry Beecher, pregador norte-americano.

Os pensamentos de Beecher, mais tarde, foram modificados por outros para expressarem o seguinte: “Se você realmente não esqueceu é porque não perdoou de verdade”.

Não creio que isto reflita a verdade bíblica! Não creio que verdadeiramente nos esquecemos de todas as ofensas que sofremos na vida. Creio que nos lembramos delas. Como é que apagamos da memória um divórcio? Ou um filho no mundo das drogas? Ou um motorista bêbado que atropelou nosso cônjuge? Ou a experiência de ter estado numa prisão? Ou a guerra que trouxe tanta miséria? Ou o dinheiro perdido num investimento por causa do mau conselho alheio? Ou mesmo a humilhação sofrida diante de tantas pessoas no trabalho, na igreja, ou na vizinhança?

Muitas afirmam que Deus se esquece. “Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Jeremias 31.34b) Como pode um Deus eterno esquecer? O conceito que Ele deseja transmitir não é que o acontecimento ou o próprio pecado seja esquecido, mas que o juízo da ofensa foi removido. Em outras palavras: “Não mais sustentarei em juízo o pecado contra eles” (Isaías 53. 4s, 8).

A verdade é que nos lembramos de tudo. Mas podemos escolher reagir às nossas recordações. Podemos deixar que elas se aquietem, e prossigamos na vida, ou que elas nos dominem.

A expressão comum ouvida é: “Não posso perdoar”. Não pode, ou não quer? “Simplesmente não sinto vontade”. Já imaginaram quanto trabalho seria realizado se todos esperassem até sentir vontade de trabalhar? Você realmente já sentiu vontade, desejo, de lavar os pratos, de limpar a garagem? Quando foi a última vez que você sentiu vontade de lavar roupas bem sujas?

O perdão não é, antes de tudo, um sentimento. É uma escolha que vai além dos sentimentos. É um ato da vontade. Alguns dizem: “Se eu perdoar alguém quando não sentir o perdão, serei um hipócrita”. Se você perdoar ainda que não o sinta, você é alguém responsável, não um hipócrita.

O perdão é uma promessa, um compromisso: Não usarei contra ele no futuro. Não falarei com outros sobre esse problema. Não insistirei nisso.O perdão devido a um irmão não depende da bondade desse irmão, mas, antes, repousa na misericórdia e benignidade daquele que oferece o perdão. Nenhum cristão tem o direito de negar o perdão ao seu irmão: “Senhor, até quantas vezes tenho de perdoar a meu irmão? Até sete vezes? Respondeu Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mateus 18.21-22).

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Amarração

Quem está ligado a quem? E quem influencia a quem?

Interessante, senão cômico (ou talvez estranhamente amarrado), perceber a reação das pessoas à “quase cassação” do presidente do Senado, Renan Calheiros. Se por um lado os discursos apontam para a vitória da democracia, por outro apontam para a vitória da democracia. Ops! Não há erro? Não. Seja positiva ou negativamente este processo revela a verdadeira democracia. Não a dos discursos eticamente politizados; nem a da utópica visão de participação real de todos; mas, a do governo do povo, o que inclui popularização.

Esta é a verdadeira, e cruel, democracia. Quem influencia a quem? O povo é um reflexo de seus governantes ou os governantes são um reflexo do povo? Vejamos:

Quem insistente e broncamente suja as ruas?
Quem constrói clandestinamente, ignorando as recomendações?
Quem polui os rios?
Quem paga a “senhora” propina?
Quem luta diariamente para se dar bem, mesmo que tenha de desrespeitar o próximo?
Quem sonega imposto?
Quem dirige descaradamente na contra-mão?
Quem sonha com conforto, mesmo que à míngua do miserável?

Estas são algumas das atitudes popularizadas que revelam mais a hipocrisia do povo do que a desonestidade de alguns políticos. A impressão que se tem é a de que os políticos aproveitam sua chance para fazer aquilo que a maior parte do povo faria se tivesse a oportunidade de ter tamanha autoridade e contatos.

Há um ditado popular (portanto, democrático) de que o povo tem memória curta. Talvez não seja memória curta, no sentido de que se esquece com extrema facilidade; provavelmente, seja exatamente o oposto: boa memória, incomodada pela consciência que lhe acusa por enxergar nas ações de muitos políticos aquilo que é eticamente inaceitável, porém, que lhe é comum no dia-a-dia.

Há uma inegável amarração entre o povo e seus representantes: estes representam maravilhosamente o povo! Talvez, você afirme: “Mas eu não sou assim!”. Que bom! Mas não terá como negar que o povo o é. Então, você não seria um fiel representante do povo no Senado Federal.

Para que o Senado seja um exemplo vibrante de conduta e decisões que em tudo vise o bem de todos, a começar pelo do próximo, é preciso que ele se liberte da “democracia burra”, popularizada pelo povo brasileiro. É preciso que ele não seja simplesmente representante do povo, mas também seu professor daquilo que se espera da população brasileira.

Oração, e vida à luz dos princípios de Deus não fazem mal a ninguém. Ops, fazem sim. Fazem mal à democracia do povo.

sábado, 8 de setembro de 2007

Vida de solteiro!

Vida de solteiro!

Parece que esta é a grande tentação de nosso tempo. Não estou falando de ter vontade de continuar solteiro, de não ter vontade de casar. Aliás, para aqueles que são do Senhor este seria até o desejo, ou a preferência do apóstolo Paulo (1 Coríntios 7.7-9).

Não é disso que falo, mas sim daqueles que optam pelo casamento, porém, consciente ou inconscientemente, buscam viver a sua vida como se continuasse solteiro: É o homem que casa, mas ignora a mulher nas satisfações. É o homem que casa e gasta o dinheiro como se fosse somente dele, como se não tivesse ninguém a sustentar. É a mulher que casa mas continua na casa, na dependência da mãe e do pai como se de lá não tivesse saído. É a mulher que casa e em nada muda seus planos, sonhos, alvos, e então continua no trajeto antigo: é a graduação, é a pós-graduação, e a família em segundo plano até que todos os meus desejos sejam satisfeitos. É o casal que casa e a conta corrente continua separada. Ela tem o dinheiro dela, eu tenho o meu, cada um gerencia suas coisas, e o uma só carne, uma só família, se restringe aos momentos de prazer sexual, e de diversão em família.

É o culto à individualidade.

Vida de solteiro é interessante para quem quer manter a independência. Mas, será que este estilo de vida expressa a vontade do Senhor para os seus? Para alguns talvez isto não seja importante, e nesses casos por que procuram a bênção do Senhor para o casamento? Por que vão para diante do altar fazerem votos e assumirem promessas que não serão cumpridas? Não nos surpreende a quantidade de problemas, e de casais problemas na sociedade, assim como na igreja. O motivo principal? Vida de solteiro.

A vontade do Senhor revelada nas Escrituras é explosivamente contrária a esta vida de solteiro em meio ao casamento. E é bom entender e vivermos isto porque as bênçãos do Senhor ao casal dependem disto.

Em 1 Coríntios 7.3-5, vemos uma clara dependência, uma ligação completa, total, que não deixa espaço para a individualidade no planejar, no sonhar, no conquistar. É claro que está implícito na palavra do apóstolo o princípio do Senhor acerca do respeito, da submissão da mulher ao marido, do amor, da consideração do marido para com a mulher, como o próprio apóstolo ensinou.

Mas não há espaço para se fazer o que bem quer, sem se importar com o outro, sem levar o cônjuge em consideração. É o princípio da interdependência. É a vida a dois que Deus estabeleceu ao homem (Gênesis 2.24).

Alguns casais estão uma boa quantidade de anos juntos. Decidiram se unir em matrimônio para formar uma família. Dai para frente, segundo o querer de Deus, houve sepultamento da vida de solteiro. Isto, porque os olhos de Deus e seus planos dizem respeito à família, ao casal. Não há planos para a individualidade, mas sim para a unidade. Os planos de Deus são destinados à família. Assim, o sucesso da vida conjugal depende da interdependência entre seus participantes, e de sua dependência do Senhor.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Unidade


Bendito viver harmonioso
Entre vidas diversificadas
Traduzindo a imagem do Poderoso
Na participação entusiasmada

Bestial discurso unificado
Que impõe sua autoridade
Minando a expressão do laicato
Na utópica visão de unidade

Na busca de união
É melhor cultivar o coração

Pois Deus em sua longanimidade
Parece alegrar-se com a comunhão
Que cria robusta amizade
Entre aqueles que estendem a mão


Pr. Wagner Amaral
A real unidade entre os irmãos

28/03/07

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Alegria contagiante

Infelizmente, faleceu hoje um irmão. Orlando era a expressão da alegria, com seu jeito carioca de ser. Assim que o conheci foi amor a primeira vista. Era impossível não gostar dele.
Pois bem, pensei em reclamar do Senhor: Por que levar os que são legais? Por que não levar os chatos, os arrogantes, aqueles que mais atrapalham do que ajudam? Por que levar aqueles que temos prazer de sua companhia? Queremos os alegres, os animados, os bons sempre conosco!

Mas, desisti de reclamar.

Primeiramente, porque de nada adiantaria, afinal o que posso diante do Senhor? Deus como Criador e Sustentador de nossa vida é quem decide os tempos, a começar pelo de nascer e de morrer. Deus é a essência da determinação: "Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo" (Tiago 4.15).

Em segundo lugar, porque não tenho certeza do que seria sua vida a partir daqui. Não sei se ele viveria tão bem como viveu. Não sei se sua vida continuaria sendo uma expressão de alegria, de contentamento, de simpatia, de saúde. Nem mesmo sei se deixaria um testemunho tão bonito, como deixa para todos, hoje. Como nos ensina as Escrituras, não sabemos o amanhã: "Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa" (Tiago 4.14).

Finalmente, porque tenho convicção de que ele está com o Senhor. Uma coisa é alguém partir sem o Senhor, outra, completamente diferente, é partir com o Senhor: "Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos" (Salmo 116.15). Disse a Nice, sua esposa, que assim que ela me informou da morte de seu marido, desliguei o telefone e imaginei o irmão Orlando chegando no céu, e com aquele sorriso largo, dizendo: “É bonito mesmo isso aqui”.

Como diz Paulo: “partir e estar com o Senhor é incomparavelmente melhor”. E, por quê? Porque certamente ele tem uma noção maior do amor de Deus: "Quem nos separará do amor de Cristo? Será a tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? [...] Porque estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as cousas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura, poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 8.35-39).

A morte traz por algum tempo separação, traz saudade; porém, não derrota para os que estão em Cristo Jesus, pois foi definitivamente tragada pela vitória de Cristo na cruz, consumada em sua ressurreição (1 Coríntios 15.54-57).

Assim, desisti de reclamar do Senhor, e decidi agradecer pelos anos bem vividos pelo irmão Orlando, pela família bonita que o Senhor formou a partir dele, por sua salvação, pela lembrança de sua alegria contagiante.

Temos um exercício a realizar, em especial a família: Enfatizar as boas lembranças, a vida, a alegria, entendendo que agora mais do que nunca ele vive. E lembrar de seu desejo de ver toda a família, unida, adorando ao Senhor, através da igreja.

Nice, Leandro, Alex, Cassiano, mantenham a alegria que o Senhor os concedeu, tendo-o como exemplo. Mantenham os olhos no Senhor, progridam em sua fé, em sua adoração; sabendo que é assim que vocês o verão novamente. Quando todos estivermos diante do Senhor, numa única e eterna alegria.

sábado, 7 de julho de 2007

Conquistar ou ser conquistado?

Nascemos com a volúpia da conquista. Queremos o leite materno, o colo intenso, a presença constante, o carinho e a proteção. Crescemos, querendo os brinquedos, o chocolate, o doce, ao invés do salgado; queremos a atenção e a concordância de todos, culminando com os parabéns. Chegamos à adolescência e a conquista continua, porém com novo gosto, ou nova roupagem. Continuamos a conquista pela atenção, pela concordância, e pelos parabéns. Introduzimos novas conquistas: a menina bonita, o amigo esperto, a turma da hora, a vestimenta que cola, as saídas vespertinas e noturnas. Chegamos à juventude e as conquistas começam a preocupar: a pessoa certa para formar a família, o curso perfeito para um futuro promissor, o conhecimento que abre as portas para aquilo que se sonha. Continuamos a viver, a alcançar anos de vida, e a constância da conquista batendo à porta em todas as manhãs. Ora, as conquistas saboreiam a vida para o nosso paladar, ora, nos frustram, devido ao insucesso, ou a descoberta de que elas não são suficientes para nossa satisfação. Conquistar hoje, amanhã, e sempre.

Se esta é a realidade de todos, quem sobra para ser conquistado? Se todos são conquistadores, a quem conquistamos? Eis o cerne da questão, o entendimento fundamental para o equilíbrio na vida. Apesar do mover pela conquista, somos sempre conquistados. Quando apontamos a mira para algo ou para alguém, buscando conquistar, é sinal de que já fomos conquistados pelo alvo de nosso desejo. Fisgados por aquilo que almejamos fisgar. Assim, somos mais conquistados do que conquistadores.

Este entendimento equilibra nossas ações. Faz-nos enxergar além de nossos sentimentos, levando-nos a refletir sobre o que queremos, por que queremos, e para que queremos. Torna-nos adultos, sem, contudo, apagar a chama infantil. Descobrimos que é melhor ser homem do que deus. Pois a visão de sempre ser conquistador é uma manipulação de nossa natureza, inflamada pela pecaminosidade incrustada em nossos ossos, carne e sangue. Manipulação que cega o entendimento, criando a falsa impressão de senhorio. O que embebeda a pessoa em um mar de orgulho e de conseqüente frustração. Porém, quando acordados pela realidade de sermos conquistados, visualizamos a realidade de nossa pequenez. Assim, somos alcançados pela graça do Criador, e mergulhados em um mar de amor. Criando em nós a sensação de dependência, de humildade, de companheirismo, de alegria e satisfação na parceria com Deus.

Conquistar ou ser conquistado? Ser homem orgulhosamente cego ou ser homem alcançado pela misericórdia de Deus, isto é, ser homem humildemente visionário?
Você conquista ou é conquistado?

domingo, 1 de julho de 2007

O que ficará?

“Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos” (1 Coríntios 13.9).

Não estamos no mesmo contexto de Paulo quando escreveu aos coríntios, ordenando a teologia de uma igreja ativa, porém ambiciosamente orgulhosa. Mas, ainda assim há semelhança suficiente para aplicarmos esta frase em nossa vida.

Líder destacado. Líder destacado, agora instruído. Bacharel em teologia. Mestre. PhD em teologia, ou em Ciência da religião, ou algo semelhante. Em meio a tanta formação e informação, cerimônias, debates, aulas, pregações, e afins; o que realmente diferencia o comum do incomum?

Entre alguém que pensa muito saber e alguém que sabe pouco conhecer, qual a diferença, já que para ambos, conscientemente ou não, há limite certo no conhecimento e na aplicação deste? Por melhor observador, e por maior agregador que sejamos, em parte conhecemos e em parte ensinamos, pregamos, discipulamos.

“O amor nunca falha” (1 Coríntios 13.8a).

A diferença é o amor. Amor de Deus compartilhado com o homem, que quando enraízado, o torna humilde e agregador. Através deste enxergamos que nossa participação nas “conquistas” está mais em sermos conquistados do que em conquistarmos o conhecimento; sendo esta uma boa aplicação de que o “temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Somos tomados, conquistados pelo Senhor, para então entendermos a sabedoria; que é sempre visível através dos relacionamentos:
“A sabedoria que vem do alto é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia” (Tiago 3.17).

Após tanto esforço, ou mesmo completa ausência de esforço, o que ficou?

Tantas conversas e debates, o que ficou de bom conselho? Tantas pessoas, tantas risadas, o que ficou de verdadeira e doce amizade? Tantas mensagens ouvidas, ou pregadas, o que ficou de vida? Tantas horas de estudo e de pesquisa, o que ficou de aplicação? Tanto investimento, o que ficou de bom para a família? A família ficou?

“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (João 15.10a).

O amor fica! O amor é o resultado dos mandamentos do Senhor. Por isso Paulo escreveu que o amor nunca falha. Qualquer coisa passa, mas o amor fica.

Depois que você, assim como eu, passar, o que ficará? De tudo o que conquistou ou foi conquistado, de tudo o que fez ou deixou de fazer, o que ficará que valerá a pena?
Oxalá, seja o amor!

terça-feira, 19 de junho de 2007

Uma nova geração

Desanimador para alguns líderes (leigos) perceber que por mais que se esforcem e corram atrás de apoio para que seus ministérios se desenvolvam, travam na burocracia eclesiástica, ou na indiferença pastoral, ou na superficialidade de outros líderes.

Desanimador reconhecer que a superficialidade de alguns líderes se dá porque são reflexo de suas igrejas. Assim, como é triste perceber que a dificuldade de apoio tem como sua raiz a desarmonia entre as igrejas. Pior ainda é constatar que a indiferença, a burocracia e a visão míope pastoral é a maior responsável pela desenvoltura medíocre, quando não terrível, das extensões ministeriais de nossas igrejas, como AMDE, UJUBRE, SAIBRES e UHBRESP.

Desanimador detectar poucos com real disposição de se doar para que todos recebam.

Animador lembrar que independentemente de qualquer coisa, nosso serviço (nosso ministério) é nossa maior expressão de adoração ao Senhor. Somos chamados, capacitados e responsabilizados em proclamar a glória do Senhor. “Somos raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamarmos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9).

Animador visualizar a mudança na próxima geração, acreditando que a semeadura não será em vão, já que por diversas vezes se fez necessário a morte de uma geração para que a renovação fluísse. [Sinto um respirar de novos ares em alguns candidatos a líderes na geração jovem, apesar de que percebo um certo continuísmo em outros]

Animador enxergar tudo isto como desafio. Como seria sonolento o ministério se tudo estivesse em seu perfeito lugar, sem a necessidade de aperfeiçoamento.

Espero que a próxima geração viva baseada no entendimento de que a experiência proposta por Deus é mais desejável do que qualquer coisa que satisfaça ao homem, seja no prazer externo, seja no interno, no pessoal. A vida cristã a qual somos chamados a viver, não é uma teologia de pontapé, de indiferença, de frieza nos relacionamentos, de disputa entre a inveja e o egoísmo, mas sim a teologia da espiritualidade autêntica que produz uma vontade de servir a Deus. Uma vontade que quebra a arrogância do mais saber, do mais ser, ou do mais querer.

Trabalho para que a próxima geração viva o prazer de adorar a Deus sem segundas intenções. O prazer de estar junto ao seu povo, louvando-o sem pedidos. O prazer de simplesmente admirá-lo. O prazer de sentir e de expressar sua alegria. O prazer de estar ao seu lado. O prazer de servi-lo por amor, como expressão de louvor. Esta espiritualidade é a única coisa que cura o interior do homem e produz verdadeira satisfação.
Humanamente desanimador, porém, divinamente animador. A expectativa divina há de prevalecer sobre nossos ministérios. E, enfim, sobre o movimento batista regular. Oxalá!

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Para que serve uma associação de igrejas?

Esta é uma pergunta que tem recebido respostas diferentes. Algumas simples e outras de difícil entendimento, menos pelo conteúdo, mais pela lógica sofrível.

De um lado, temos os que afirmam servir para unir as igrejas a fim de simplesmente manter a comunhão entre seus membros, a começar por seus líderes. Aos seus olhos esta união serve como um bálsamo, um descanso dos problemas, da agitação, um renovar da presença do Senhor no meio de sua igreja, uma lembrança de que não estamos sós. Consequentemente a ênfase recai sobre o alimento espiritual, recebido através das mensagens, dos estudos, do louvor e das orações. Simplificando, diríamos que a área principal seria a edificação.

De outro lado, temos os que afirmam servir para unir as igrejas a fim de avançar na proclamação do evangelho. Aos seus olhos esta união serve para traçar e executar projetos missionários, ou mesmo acadêmicos. Consequentemente a ênfase recai sobre estratégias missionárias, formação de liderança, organização eclesiástica, entre outras. Simplificando, diríamos que a área principal seria a evangelização.

Há, ainda, os que desejam unir as duas visões. Seria possível? Seguindo a revelação do Senhor, sim; afinal, o propósito da igreja de Cristo é sintetizado exatamente nas duas vertentes: evangelização e edificação. Além disso, ambas as visões enxergam a necessidade de unidade, de um foco em comum para todas as igrejas associadas. E, seguindo a lógica eclesiástica, uma leva a outra: evangelização exige posterior edificação, que exige posterior evangelização.

Qual a dificuldade? Para alguns, o entendimento. Dificuldade de enxergar o que é e o que viria a ser. Para outros, o medo. Pavor da contaminação que arriscaria a compreensão do que é melhor para sua igreja. Receio de ser engolido, ou até mesmo de ser reconhecido, não positiva, mas negativamente, sendo realçadas suas limitações. Para outros, ainda, o sedentarismo eclesiástico. A preguiça de se envolver com uma rotina dinâmica que exigiria boa dose de energia e de doação.

Creio que o combustível, na maioria das vezes imperceptível, para todas estas dificuldades é a compreensão inadequada da soberania de Deus, somada ao entendimento da responsabilidade ministerial. De um lado, a seriedade acerca da soberania divina que causa receio de desagradar, de ser repreendido, enrijecendo a ação ministerial. De outro lado, a seriedade acerca da responsabilidade ministerial que enfatiza a ação do homem, diminuindo o foco na ação divina. Assim o sucesso da obra se torna mais dependente da perfeição do trabalho humano do que do poder de Deus.

Inculcar o ministério (a igreja) como projeto de Deus e não nosso, ajuda a relaxar; não se tornando irresponsável, mas sim confiante no direcionamento do Espírito. A vida das igrejas depende mais do Senhor do que de nós. O crescimento moral e espiritual dos membros depende mais do agir do Espírito por meio de sua revelação do que de nossa capacidade de expor nossos pensamentos e visão. Assim, a unidade de nossas igrejas, sendo refletida no relacionamento maduro e robusto de nossas associações depende de visualizarmos mais a Deus e menos a nós mesmos. Conforme enxergamos, pensamos e agimos como o Senhor, somos libertados de nosso maior inimigo: “o eu” centralizador, teimoso, desconfiado, amargurado e impiedoso.

A contribuição efetiva de nossas associações depende de sua libertação de nossas garras. Enquanto, como deuses, lutarmos para determinar o que é importante para todos (ao nosso modo), não experimentaremos a agradável harmonia da presença do verdadeiro Deus. Que soberanamente nos indica o caminho por meio de seus princípios (inegociáveis), em tudo abraçados pelo amor, que nos motiva a harmonia nos projetos, nas realizações, e até mesmo nas discordâncias.

Para que serve uma associação de igrejas? Seja qual for a sua opção de resposta, serve para refletir o amor de Deus, por meio da unidade de sua igreja. Assim, como serve para refletir a glória de Deus através do alcance de seu evangelho, quer através da evangelização quer através da edificação. Espero que na próxima vez que me reunir com irmãos em uma de nossas assembléias, enxergue Deus em nossas palavras, atitudes e reações. Não esporadicamente, e em alguns, como exceções, mas no conjunto de nossa representação.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Não deixe de ter fome, não deixe de sonhar

Sem perceber cada ser humano é empurrado a uma vida de rotina cultural, social, profissional, moral e espiritual. Nascemos em meio a uma rotina já existente; crescemos engolindo uma formação goela abaixo, prevalecendo a visão (rotina) dos responsáveis por nossa rotina; e, paulatinamente, nos adaptamos ao ritmo daqueles que já estão na estrada rotineira da vida. Inclua nesta estrada a rotina de ciclicamente mudar alguns costumes, retornando ao anterior, tempos depois, e voltando, retornando, ...
Antigamente, principalmente em algumas culturas, filho de peixe peixinho se tornava, isto é, o filho seguia a rotina do pai. Se, o pai era professor, o filho professor seria; e isto porque seu avô também já o fora. Hoje em dia, a rotina é o filho seguir por outro caminho a fim de ser mais bem sucedido que seu pai, que já fora melhor que seu avô. Rotinas que permanecem e rotinas que vem e que vão por pertencerem à rotina da mudança.

Existem muitas coisas estranhas, que simplesmente aceitamos (vivemos) sem darmos conta de sua origem, valia, ou funcionalidade. Dentre estas coisas estão as rotina moral e espiritual. Moralmente direciona-se a se viver como a maioria, aceitando o que ela aceita, e repetindo seu jeito de ser, mesmo que suas decisões sejam eticamente questionáveis. Em alguns países, como no Brasil, a ética lógica é a indesejada, a chata, a do contra; já a aceitável e querida é a moral do jeitinho que acerta as diferenças, mesmo que estas sejam absurdamente incoerentes. No discurso prevalece a ética, já na prática a estética com a cara e o gosto do grupo em que se vive. Escuta-se o correto com ouvidos surdos e pratica-se o jeitinho com olhos cegos e mãos bobas.

Espiritualmente aprende-se a ser religioso. Em muitos casos, religião é negócio de família. No caso do cristianismo é só escolher entre o ser católico, evangélico ou praticante de alguma seita, e entrar na rotina. Seguir os mandamentos divinos normalmente experimentados através das regras humanas, criando os costumes de cada igreja.

Você que lê este texto, provavelmente seja “evangélico”; talvez “batista”, ou “presbiteriano”, ou “assembleiano”, ou portador de outro nome denominacional. Dependendo de sua rotina, teve formação tradicional, valorizando certos pontos e tendo alergia religiosa a outros. Caso contrário, a formação “liberal” é a que prevalece seguindo a mesma rotina de valorizar certos pontos em detrimento de outros.

Em meio a tudo isto está a pior das rotinas: valorizar a morte. Isto se faz quando se prioriza a religião e se ignora a espiritualidade; quando se troca Deus pela igreja; quando se troca a santidade pelo legalismo; a Revelação pela denominação; quando ao invés de cultuar ao Senhor, em espírito e em verdade, o “crente” segue a rotina da solenidade politicamente correta. A rotina de ser crente cega, tirando a visão espiritual, assim como tira a fome da presença de Deus, levando ao contentamento através dos móveis, do prédio, da administração, do viver comunitário, enfim, imagens, ídolos evangélicos. Esta rotina maldita acaba com a esperança, com o sonho de justiça, de paz, de amor imerecido. É esta rotina religiosa que apaga a chama por missões, tornando o coração frio, insensível ao chamado a fazer discípulos como demonstração de nossa gratidão pelo amor do Mestre, e ao entendimento de que o Senhor quer adoradores “em espírito e em verdade”, e não religiosos.
Não deixe de ter fome de Deus, não deixe de sonhar por uma vida espiritualmente melhor, não seja escravo da rotina, mas sim do Deus sempre maravilhoso e surpreendente.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Eis a vida!

Depois do dedo de Deus,
Criando Adão, da terra,
A vida garoa dos céus,
Fertilizando as muitas ‘Evas’.

Choro espontâneo de notícia estonteante
É o impacto: ‘eis o bebê, é chegado!’
Ansiedade por um futuro brilhante
É o sonho: ‘eis o homem, é formado!’

Sentimentos marcantes e profusos
Despertam na alma das mães de todo o mundo.

Pois, Deus, em doce e firme tom,
Segredou-nos à saída:
De tudo o que criei, que era bom,
Eu afirmo: ‘Eis as mães, eis a vida!’


Pr. Wagner Amaral

04 de maio de 2005
Soneto em homenagem ao Dia das Mães


sábado, 28 de abril de 2007

A Morte é o ponto de partida

O que seria a vida sem o seu final? O que aconteceria, se, de repente, os homens parassem de morrer? O que significa não morrer?

[Em seu livro Intermitências da morte, Companhia das Letras, José Saramago, autor português, questiona estruturas da religião e da filosofia a partir do significado que ambas atribuem ao fim da vida; e, afirma que a morte é o ponto de partida.]

No dia seguinte ninguém morreu. De repente não se morre mais. Aquilo que a princípio seria motivo de grande felicidade, provocaria as maiores tribulações e desarranjos; a ponto de muitos desejarem o retorno da morte ao ciclo da vida, pois com a ausência da morte a vida se torna funesta. Com o fim da morte, toda a vida precisa ser repensada, pois, a visão de mundo, além de aspectos socioeconômicos, está baseada na morte: hospitais, seguradoras, funerárias, aposentadoria, renovação, etc.

No aspecto religioso, quais seriam as propostas (novas propostas) das religiões, das filosofias? Como encarar a vida, o erro, a justiça, a eternidade, sem a morte? Quantos apelos ao juízo divino ou místico sobreviveriam à nova realidade de se viver eternamente aqui, sem uma continuação após a morte com purgatórios, céus, infernos, lagos de fogo, paraísos, belas e muitas virgens, reencarnações? Será que encontraríamos uma resposta, um caminho já existente que privilegiasse a vida ao invés da morte? Que estabelecesse toda sua estrutura moral, espiritual e social sobre uma proposta de se viver, independentemente da morte, e de se viver abundantemente?

Na conclusão de Saramago, tanto a religião quanto a filosofia perderiam sua razão de existir, pois, acredita que ambas existem para que as pessoas levem toda a vida com o medo pendurado ao pescoço e, chegada a sua hora, acolham a morte como uma libertação.

No entanto, na conclusão de Cristo, a morte não atrapalha a vida, pois ele veio trazer vida abundante (João 10.10). Sua proposta diz respeito à vida, e não somente a que está por vir, mas a começar por esta que experimentamos. A morte em si não é o ápice de sua mensagem, nem no que diz respeito a ele nem no que diz respeito a toda humanidade; pois, a vitória sobre a morte é o tema bombástico de seu ministério, e no que diz respeito a nós a vida é a razão de seu sacrifício.

A morte já não mais atrapalha, pois foi vencida. Gosto da forma como John Owen enxergou este dilema: A morte da morte na morte de Cristo. A morte morreu na morte daquele que é vida! Tanta vida que nem a morte conseguiu detê-lo. A morte, ao contrário, é fundamental para a vida. Não no sentido abstrato e absoluto da vida pós-morte, mas sim no sentido desta fase em que vivemos, pois para se ter vida abundante é preciso fazer morrer a natureza morta que nos acompanha desde o berço. Cristo disse a Nicodemos: “Importa nascer novamente”. Claro! Afinal, se seguirmos o destino sinistro da humanidade caminhamos da vida para a morte (no sentido físico); mas, se seguirmos o destino divino para a humanidade caminhamos da morte (do eu) para a vida (de Deus). Morte para o que é comum e vida como um presente de Deus para um novo, curioso e desafiante presente e futuro: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados [...] nos deu vida juntamente com Cristo, pela graça sois salvos” (Efésios 2.1, 5).
A morte, então, é o ponto de partida de uma verdadeira e abundante vida que não necessita da imortalidade para ser real. Quando nascemos fisicamente começamos a morrer. Mas quando morremos espiritualmente renascemos para um viver pleno antes e após a morte física.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Vontade

Para ser, estar, ou fazer algo o que é essencialmente necessário? Vontade. É certo que há momentos e situações que somos empurrados a uma atividade ou realidade que vai além de nossa disposição imediata. Muitas vezes a vontade surge após certa “obrigação”. Lembro de meus filhos quando diante de algumas sardinhas fritas, reagiram com o tradicional “eca!”. Obriguei-os a provarem, afinal só se sabe se alguma comida é boa quando se prova! Ao passarem pela inquisitiva degustação, a reação final (agora com bagagem, com consistência) foi o interessante “humm! Que delícia”. Quase não comi minhas saborosas sardinhas, felizmente (ou infelizmente) todos os três aprovaram. Daí por diante, comem com vontade.

A vontade é algo essencial para o ser humano. Algo essencial para todo líder. Sem vontade ninguém chega a lugar algum. Sem vontade ninguém aprende, ninguém entende, ninguém vence, ninguém vive. Uma pessoa completamente sem vontade está morta.

Vontade: desejo, objetivo, disposição. A Bíblia descreve em boa parte de seus textos, vontade como disposição do coração, aquilo que nos motiva, que nos impulsiona. Mas, a vontade possui seus dois lados (cara e coroa): Ela pode tanto nos levar para o bem como para o mal. Para que ela seja impulsionada para o bem, precisamos de uma combinação de vontades. Uma combinação explosiva e decisiva. Em primeiro lugar, a vontade de Deus: “Lembrai-vos das cousas passadas: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as cousas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Isaías 46.9s). Uma vontade soberana, transformadora. Uma vontade que incomoda.

Em segundo lugar, a vontade própria, iniciativa, desejo do coração: “Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos” (Esdras 7.10). Aqui precisamos de um entendimento adequado. A vontade de Deus é soberana, ele faz cumprir todos os seus desígnios, porém trabalha para que a nossa vontade seja semelhante a dele. Em Êxodo 3-4, temos o exemplo de Moisés completamente sem vontade, o que foi mudando com o tempo. Em Josué 1.6-9; 24.15, temos o exemplo de Josué, onde percebemos vontade para ser líder. Vontade para assumir responsabilidades. Vontade em acreditar e confiar em Deus. Vontade de seguir os preceitos do Senhor.
Deus trabalha para que aja uma combinação entre nossas vontades, e quando isso acontece nada pode nos deter: “Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, eu sou Deus, e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?” (Isaías 43.12s). Para que nossa vida seja bem sucedida é necessário vontade de ser diferentemente bem sucedido, vontade de fazer aquilo que sabemos ser fundamental, vontade de aprender, vontade de ensinar. Tudo começa e termina pela vontade, por isso “renove a sua mente para saber qual a perfeita e boa vontade do Senhor”.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Corpo e sangue


Decisão de doar a vida,
Poder para reavê-la,
São traços de um projeto eterno
Que ecoa no coração trino do Deus paterno.

Rejeição, indiferença,
Traição, pregos e cruz.
Multidão cuja crença
Encontra-se em oposição a Jesus.

Por que sofrer?
Pra que morrer?

Pra revelar o amor
De quem o próprio corpo entregou.
Para doar salvação
Por quem o próprio sangue derramou.


Pr. Wagner Amaral.
Em lembrança do sacrifício de Cristo.

08/12/2005

quinta-feira, 29 de março de 2007

e-mail maldito

Usufruo desta ferramenta espetacular que é o e-mail. Como facilitou nossa vida! Praticamente acabou-se a necessidade de seguir o cansativo roteiro:

1. Escrever (datilografar).
2. Envelopar.
3. Colar o envelope.
4. Levar até o correio.
5. Enfrentar fila.
6. Colar o selo.
7. Torcer para que chegue ao destino.

Aproveito-me tanto desta quanto de outras maravilhosas ferramentas. Mas, existe o lado negativo desta comodidade. Há empresas brasileiras e americanas que implantaram o “no e-mail day” (dia sem e-mail). A razão é simplesmente porque muitos problemas são resolvidos ou solucionados quando as pessoas falam diretamente com os responsáveis.

É incrível como isto vicia! O professor Luiz Marins comentou que certo dia viu um funcionário falando a outro, sentado a seu lado: “Leu o e-mail que acabei de mandar para você? Leia, pois é muito importante!” (Artigo Faça um no e-mail day em sua empresa. Revista TAM, 2007, n.2)
. Conta-se também a anedota que em meio a um incêndio na empresa, o diretor pergunta à secretária se ela chamou os bombeiros. Ela responde: “Já enviei um e-mail com sinal de alta prioridade”.

Isso revela não somente a acomodação como também o exagero. A quantidade de e-mail com informações desnecessárias, ineficazes e fúteis é absurda. Daí o esforço de provedores e pessoas para criarem barreiras, filtros, isto é, criarem ferramentas que limitem outra ferramenta.

Teologizando, diria que o e-mail torna-se maldito quando dificulta aquilo que é essencial para o desenvolvimento das relações sociais: a comunicação pessoal, olho no olho, sentindo a expressão que revela contentamento ou descontentamento, alegria ou tristeza, animação ou indiferença. É por meio do contato visual e auditivo que a comunicação melhor se desenvolve. Nem sempre se diz com as palavras aquilo que realmente se intenciona. Em muitas ocasiões a palavra escrita ou falada aponta para um lado, enquanto a expressão facial (ou corporal) para outro, completamente avesso.

Para nós, brasileiros, a necessidade de que a comunicação ocorra de forma direta é ainda mais gritante, pois carecemos da conversa. É incrível como resolvemos os problemas quando nos comunicamos pelo meio mais rápido e direto que existe: falando. Tudo começa a acontecer.
Afinal, como diz o ditado, conversando a gente se entende...

sábado, 17 de março de 2007

Música certa

Cantai ao Senhor! Louvai a Deus!

Como Adão louvou ao Senhor? E depois Abraão, Moisés, Gideão, Davi, Asafe, Oséias, Malaquias? Como o povo de Deus se comportou individual e coletivamente na adoração a Deus através da música tocada, cantada, declamada, no período anterior a Jesus Cristo?

E a partir da presença do Messias como isso se deu? Os apóstolos, a igreja, Apolo, Barnabé, Epafras, Onésimo, Dorcas, Febe e Judas? Como Tiago, irmão de Jesus e pastor em Jerusalém pastoreou a adoração na casa de Deus? Quais seriam suas recomendações?

É claro que este louvor implica em um coração ardente e sincero por Deus, como Paulo observou aos Efésios (5.19), como também é certo sua variação (Colossenses 3.16); mas, além dos princípios divinos que servem como diretriz para o que fazemos moral e espiritualmente, em que se implica louvar a Deus, através da música?

No início a igreja carregava todo o contexto judaico em sua adoração, depois vieram as variações até chegarmos ao canto gregoriano que por muito tempo se tornou a marca do louvor. Quando Lutero introduziu o canto congregacional, levando a igreja a cantar as Escrituras, recebeu críticas de todos os lados (amigos e inimigos), foi um escândalo! Pois bem, a partir daí o canto gregoriano entrou em declínio sacramentando-se o canto congregacional com suas variações estruturais.

O que é louvar ao Senhor em Angola? O que é cantar a Deus na Rússia, ou no Afeganistão, no Canadá, ou em Israel? O que é louvar ao Senhor no Brasil? Qual a música adequada? Seria com o ritmo historicamente brasileiro? Mas, qual é o ritmo brasileiro, e qual a diferença entre o adotá-lo socialmente e ministerialmente?

Pois bem, estou interessado em ouvi-lo. Tenho o que dizer, mas prefiro começar ouvindo, e aprendendo.

Se desejar sigilo absoluto (rsrsrs) envie-me suas observações por e-mail:

prwagneramaral@uol.com.br

sexta-feira, 9 de março de 2007

Missões, a arte de produzir adoradores

Apesar do discurso convincente, nem tanto pela competência argumentativa, mas sim pela repetição de chavões estratégicos, a visão acerca do propósito missionário tem sido corrompida. Três fatores cruciais:

A superficialidade exegética, rasgando as Escrituras e distribuindo-as em pedaços atraentes, e portanto usáveis, e em pedaços irritantemente perigosos, e portanto desconsideráveis. O que produz pregadores e líderes viciados na comida alheia, sem a mínima capacidade de caminhar através do estudo das Escrituras.

O sentimentalismo evangélico, que “positivamente” move, empurra, multidões à obra; e que “negativamente” cega, tornando prevalecente a emoção a emoção e razão, ou mesmo só à razão. O que cria uma atmosfera poluída de vitórias dedicadas ao esforço humano, e derrotas atribuídas ao desprezo pelo próximo.

A antiga e enraizada disposição de humanizar todas as coisas, inclusive a Deus, tirando sorrateiramente o foco do propósito divino, assim meio que inconscientemente (pelo menos no discurso), e colocando-o sobre novos propósitos, os do homem, “claro que biblicamente fundamentados, ou seria manequiados?”

A partir do início da Igreja, assumiu-se o discurso “missões”. Sempre se falou em missões, sempre se discutiu missões, sempre se fez missões, mesmo quando mal feito. Expressões se tornaram conhecidas, chegando a identificar o assunto tratado, como: “Compaixão pelas almas perdidas”, “Amor pela obra”, “O clamor dos povos”, “A necessidade dos perdidos”, “A salvação a todas as nações”, e até mesmo o tão famoso “Ide”. Em meio a contextos e grupos missionários há um natural olhar para o homem, e um natural desejo por sua salvação. Corretíssimo à luz das Escrituras essa compaixão, esse senso de dever, que pode ser feito por prazer e não por obrigação (1 Coríntios 9.16-17, 19, 22-23). Mas, qual é o propósito principal de se fazer missões?

É de simples leitura a percepção de que missões foi oficialmente iniciada na chamada de Deus a Abrão (Gênesis 12), e que perdurou por todas as páginas do Antigo Testamento, adentrando as do Novo Testamento, e culminando numa comunidade global de adoradores por toda a eternidade (Apocalipse 7; 15; 19, 21-22). Assim, resumidamente, consideremos o texto emblemático, identificado como a grande comissão, Mateus 28.18-20.

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado.”

Considerando, conclusivamente, o texto, percebemos etapas?

1ª etapa: Sair. Seja “ide”, ou “indo”, mas é “saindo”. A tarefa exige a saída da Igreja para sua realização. É claro que há passos independentes, como a oração, o preparo, e o contribuir financeiramente, porém, os demais denotam em “sair do arraial”.

2ª etapa: Fazer discípulos. Fazer imitadores de Cristo, cristãos - pequenos cristos.

3ª etapa: Todas as nações. Fazer discípulos de todas as nações. Estas etapas estão diretamente ligadas a palavra de Cristo aos seus discípulos em Atos 1.8 - “sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.

4ª etapa: Discípulos que multipliquem discípulos (v. 20a). “ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado”, isto é, ensinando-os a seguirem a mesma tarefa que tendes recebido.

A tarefa então é a de fazer discípulos de todas as nações. Por quê? Qual o propósito desta tarefa? O que Cristo tinha em mente?

A expressão “fazer discípulos” direciona o foco para quem? Diferentemente do que é largamente praticado, o foco destaca o mestre, não o discípulo. Conforme todo o entendimento da época, comum a todos, discípulo é aquele que imita o mestre, anda, come, veste-se, fala, age e reage como o mestre. O discípulo não tem voz, não tem vida em si mesmo. Sua vida baseia-se em ser como o mestre. A tarefa de fazer discípulos não deve, então, destacar os discípulos, mas sim, seu mestre.

Por que Deus quer discípulos? Para que estes O adorem. E esta simples e contundente afirmação está em conformidade com o todo das Escrituras. Em Êxodo 20.1-8, temos o tão conhecido texto dos dez mandamentos. Nele, o Senhor inicia observando o motivo da libertação de Israel - adoração ao Senhor. Por toda Revelação encontramos a exortação de que devemos adorar ao Senhor, pois isso lhe agrada (Salmo 105; 117; Jeremias 13.16; João 4.23s; Apocalipse 7.9s; 19). Em 1 Pedro 2.9, o apóstolo destaca em que fomos transformados, e a razão disto: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus [o que somos], a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz [o propósito].”

Há um propósito para a salvação projetada por Deus em Cristo. O ponto final da obra de Deus não é a salvação do homem, mas sim a adoração deste homem salvo à Ele. O foco está em Deus, e não no homem. Deus procura adoradores (João 4.23s), e qual é a forma de transformar o homem em adorador? Salvando o homem. Assim, a salvação não é o fim, mas o meio pelo qual Deus atinge seu objetivo de ser glorificado.

O entendimento do propósito produz uma conclusiva diferença no produto final da obra de missões:

1º exemplo: Eu saio pensando: minha tarefa é ser um instrumento nas mãos de Deus para salvar o homem. Isto é o que importa.

2º exemplo: Eu saio pensando: minha tarefa é ser um instrumento nas mãos de Deus para transformar homens em verdadeiros adoradores do Senhor. Uma vida de adoração a Deus. Isto é o que importa.

E então olhamos para nós, como igreja e discípulos: Como temos entendido esta tarefa, e qual tem sido o discurso motivador? Penso que provavelmente a razão cega que tem diminuído o ímpeto da Igreja por missões é o foco errado - de Deus para o homem. Em termos implicativos, salvar o homem não exige muito do que vai, mas transforma-lo em discípulo de Cristo, em adorador do Senhor, sim, exige de quem vai, para começar, que seja verdadeiro discípulo e adorador. Para uma igreja fazer adoradores precisa ser adoradora. Assim, fazer missões é, em última análise, adorar ao Senhor.

Somos um povo missionário?

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

A mais bela

Bela em sua simplicidade
Encanta com sua bondade
Trazendo no olhar infantil
A doçura de uma alma gentil

Sua sensibilidade à vida
Traduz em composições
Revelando sua lida
De cantar aos corações

Yumy é sem dúvida
A Agda mais bela

Com sua visão artística
E sonhadora inteligência
Reproduz a mística
De amar com urgência


Wagner Amaral
Homenagem de aniversário
à minha esposa Agda Yumy.
04/03/2007

Esperto


Na dele...
Naturalmente tímido
Ignora a idade
Curtindo o ser menino

Na pele...
Incrivelmente belo
Desperta a vaidade
Ouvindo suspiro anelo

És Toshio!
És esperto!

Em meio a comum pecado
Anseio por um futuro atuante:
Meu filho por Deus capacitado
Ministrando de forma brilhante

Wagner Amaral
Homenagem de aniversario
à meu filho Walter Toshio (14 anos)
04/03/2007

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Vencedor

Vencedor

Sorriso maroto
De menino travesso
Choro solto
De coração aceso

Olhar encantador
Que a frieza desarma
Revela o galanteador
Fazendo do charme a arma

Nome: Hissao
Profissão: Vencedor

Sonho que sua alma palpitante
Cujo afeto é gigante
Tenha por Deus sincera paixão
Tornando-se pastor de coração

Wagner Amaral
Homenagem de aniversário
à meu filho Weber Hissao (12 anos)
10/02/2007

Branca

Branca

Olhos sorridentes
Boca extrovertida
Dança evidente
Alma expressiva

A personificação da simpatia
Em seu relacionar
A roupagem da alegria
Na criatividade em se arrumar

Ana Yuky é singular
Em seu atuar

Branca como a neve
É o significado de seu nome
Alva mais que a neve
Seja sua vida no Filho do Homem

Wagner Amaral
Homenagem de aniversário
à minha filha Ana Yuky (10 anos)
18/01/2007

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Quebrantamento

“Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Salmo 51.17).

Quebrantar é debilitar, enfraquecer. Quebranto é prostrar-se. E ambos vêm da raiz “quebrar”, cuja idéia principal é a de falir, enguiçar. Assim, não há quebrantamento sem que o eu enguice com suas particularidades. Não há quebrantamento sem que o eu declare estado de falência, desistindo de conduzir-se por sua própria força e sabedoria.

Por toda Bíblia encontramos o eu lutando direta ou indiretamente para prevalecer sobre tudo e todos, e isto inclui o Senhor. É terrivelmente sério, e ao mesmo tempo infantil perceber membros que chegam ao pastor exigindo prioridade, tratamento vip, por se considerar a peça mais importante da igreja (este processo nem sempre é consciente). É claro que o pastor percebe a atitude e a condena; mas, ainda mais incrível é quando o pastor, por sua vez, chega ao Senhor da mesma maneira, esperando tratamento vip por se considerar a peça mais importante do Corpo. Toda esta realidade realça o agir determinado do ego em busca da satisfação pessoal, mesmo que seja a revelia de outros.

Somos parte, e provavelmente a não mais importante, do ministério do Senhor. Nossa aproximação de Deus deve ser sem a arrogância da auto-consideração, e sim com a gratidão de simplesmente pertencermos ao Seu ministério, por graça, por pura e bendita graça.

Seria cômico se não terrível: o homem que busca o melhor para si próprio torna-se seu maior inimigo exatamente por esta tendência. Já o Senhor que busca quebrar (falir, enguiçar) o homem, torna-se seu maior amigo. Tudo para que o homem enxergue sua realidade insana, trocando-a pelo equilíbrio de uma vida saudável, onde o Senhor é o condutor principal.
Assuma falência, e o Senhor lhe tirará da crise.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Férias


Entrei em férias.
Voltarei com novos textos em 06/02.
Enquanto... leia e comente os já postados.
Abração!

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Certo ou errado?



O que é certo? ...o que é errado? Onde é a fronteira que separa este problema complicado?
O que é certo ou errado para mim o será também para quem está acomodado?
Ou é apenas uma interpretação de cada um, ...um fato isolado!
Muita coisa que ontem era errado, hoje é certo ou, ...pelo menos suportado
A humanidade "evoluiu", ...esse é o termo mais comentado!
Não há mais aquele "Vínculo de Família", ...de "Pai Considerado",
Até mesmo, talvez, porque o mundo ele não tivesse acompanhado!
No turbilhão de tantas mudanças, o pai vai ficando atrasado
Não consegue acompanhar a "evolução", ...porque é muito ocupado,
O ritmo é muito veloz e o deixa atordoado, princípios que antes eram "leis", ...hoje estão num código rasgado!
Cada ensinamento que recebeu e procurou transmitir, ...hoje está "ultrapassado",
Não sabe mais por onde seguir, ...ele esta confuso e se sente deslocado!
Como explicar a ele, que já está cansado? Como dizer a ele que tudo aquilo ficou no passado,
E que tem de enterrar quase tudo que foi planejado? Mas a vida continua no seu passo apressado!
Hoje existe a TV, a Internet e até a Escola, ...num sistema "muito avançado"...
Ele não consegue criar os seus filhos, conforme lhe foi ensinado, não consegue vencer o "ensinamento" televisado,
Nem o mundo informatizado, que invadem sua casa de um jeito mascarado!
E depois, ...quando surge o inesperado, ele acaba se julgando o grande culpado!
É culpado sim, ou pode até não ser, ...por haver se descurado,
Por não ter tido competência ou, ainda, por não ter as mudanças acompanhado,
Por ter muito trabalhado, procurando dar aos seus o conforto esperado e sonhado!
Mas será que é só isso? ...não existirá algum outro fator acumulado?
A "evolução", por acaso, ...não representou para ele um "Tornado"?
Não chegou modificando tudo, ...até o seu sonho dourado petrificando os ensinamentos que havia planejado
No final de cada dia quando chegava em casa suado? Hoje ele estranha tanta liberdade, ...e fica parado, abismado!
Ele vê que "se corre, o bicho pega" e "se para, é devorado"... E assim ele prossegue inconformado!
Será que errei? ...será que estou certo? ...não estarei errado? ...ele se pergunta desolado!

E prossegue inconsolado... estou certo?... estou errado?...


Este é o dilema do homem no mundo pós-moderno, onde os absolutos do Soberano passaram a ser encarados como relativos à razão humana.
Você lida com isto?
Wagner Amaral.