segunda-feira, 1 de junho de 2009

Nossa vocação missionária

A particularidade de sermos povo exclusivo de Deus, e termos de testemunhar de sua grandeza, não é exclusividade da Igreja. Não é a partir do segundo testamento (NT), com a ordem deixada por Cristo, que a obra missionária é iniciada. Missões não começa no “ide” (ou “indo”).


Esta realidade é encontrada na razão da existência do povo de Israel. A razão de sua existência revela sua ligação com o Senhor, inibindo todo o temor, e impulsionando-o a obra missionária. Compreendemos a distinção entre Israel e Igreja. São povos distintos, com características distintas: Israel recebeu do Senhor um nome, uma identidade; assim como uma constituição; e uma terra. As promessas recebidas dizem respeito à realidade terrena. Suas guerras são contra as nações que lhe fazem oposição. Já a Igreja recebeu do Senhor uma identidade; porém, as promessas recebidas dizem respeito à realidade celestial. E suas guerras são contra o reino das trevas (principados e potestades). São povos distintos; que em momentos distintos, representam o Senhor na terra; manifestando sua existência e sua vontade soberana.


Considerando Isaías 43.1-13, como exemplo, visualizamos a essência da vocação missionária de Israel. O Senhor, através do profeta, exorta a Israel a não temer; e dá as razões para isso:


1. Porque Israel é criação de Deus (43.1). Povo que recebeu um nome, uma identidade. Povo que se tornou família do Senhor. O Senhor é apresentado como o parente remidor; como aquele resgatou sua propriedade familiar. Esta é a essência de “remir”. Através de Isaías Deus torna claro que trataria a Israel como membro de sua família; reclamaria seus direitos e cumpriria suas obrigações para com ele. E tudo isto, então, redunda que Israel pertence ao Senhor. É povo de propriedade exclusiva de Deus. E o Senhor andaria com eles (43.2-3).


2. Porque Israel é estabelecido pelo Senhor (43.5-6). Ele é quem reunirá a toda a sua descendência; o que parece, inclusive, nos incluir; referindo-se a reunião de todos os eleitos; como diz no v.7: a todos os que criei para a minha glória. E esta é exatamente a outra razão para não temer; pois fomos (incluindo a Igreja) criados para a sua glória. Ele é glorificado por nós (43.7). O que implica, obrigatoriamente, que nossa vida, mesmo que através da água e do fogo, exaltará o Deus da nossa salvação. E é interessante a compreensão de Deus acerca disto; pois, como afirma no início do v.7, os filhos de Deus compartilham tão amplamente de sua vida que não são mais tratados pelo próprio nome, mas sim pelo nome de seu Senhor. Isto é, sua identidade é totalmente ligada à daquele a quem glorificam.


3. Porque Israel é testemunha de Deus (43.10). Interessante a afirmação categórica de Deus, por meio do profeta, que esta função se inicia na escolha soberana de Deus para a salvação. Três verbos fortes: conhecer, crer e compreender. Uma seqüência lógica no processo de reconhecer quem Deus é. A forma de conhecer o “Eu Sou”.


Israel é testemunha do Deus, Salvador (43.11-12). Por todo o livro de Isaías, esta declaração ecoa. A soberania de Deus em criar, em sustentar, em escolher um povo para si, em salvar este povo, e em fazê-lo entender todo este processo (exemplo: 44.6-8).


Israel é testemunha do Deus eterno que tudo pode (43.13). E que estabelece a sua vontade sobre tudo e todos; mas, de maneira especial sobre o seu povo.


Enfim, Israel é exortado por Deus a não temer, porque toda a sua realidade: origem, salvação, vida e futuro; incluindo sua tarefa, está ligada ao Deus de sua salvação.


Esta compreensão de Israel ser povo de propriedade exclusiva de Deus, com uma tarefa específica de testemunhar esta familiaridade; e a forma como isto se torna possível, isto é, a forma do homem ter um relacionamento íntimo com Deus, é aplicada totalmente a nós, como igreja do Senhor:


“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1 Pedro 2.9-10).


Somos povo de propriedade exclusiva de Deus para servir de testemunha de sua glória. Assim, a razão de nossa existência revela nossa ligação com o Senhor, inibindo todo o temor, e impulsionando-nos a obra missionária. Esta é a razão de missões. Esta é a essência de nossa vocação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Li a matéria, gostei muito e concordo plenamente. De fato é um privilégio fazer parte do pavo de Deus, além de ter o entendimento correto da vocação para proclamá-Lo.